São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2006

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Insurgentes se abrem a trégua no Iraque

Segundo parlamentares, sete grupos colocam condições, mas estão dispostos a negociar com o governo

DA REDAÇÃO

Em um dia em que ataques sectários mataram ao menos 40 pessoas no Iraque, sete grupos insurgentes árabe-sunitas ofereceram ao governo uma trégua condicional, segundo afirmaram ontem dois parlamentares iraquianos.
A iniciativa ocorre um dia depois que o premiê Nuri al Maliki propôs um plano nacional de reconciliação com 24 pontos, entre eles uma anistia aos presos não envolvidos em atos de terrorismo, em crimes de guerra ou contra a humanidade.
De acordo com Hassan al Suneid, um árabe xiita do mesmo partido de Maliki (Dawa), está em discussão um encontro entre o premiê e líderes dos grupos ou seus intermediários.
A aproximação foi confirmada pelo curdo Mahmoud Othman, aliado do presidente Jalal Talabani, que manteve encontros com sete grupos insurgentes há cerca de dois meses.
"Os grupos disseram que estão prontos para baixar armas, mas eles têm algumas condições. A iniciativa de Maliki pode ajudá-los a integrar o processo político", disse Othman, sem detalhar as condições.
Suneid deu os nomes de seis dos sete grupos que teriam abordado o governo: Brigadas da Revolução de 1920, Exército de Mohammed, Heróis do Iraque, Grupo 9 de Abril, Brigadas al Fatah e Brigadas do Comando Geral das Forças Armadas. Não está claro que representatividade eles têm.
"Espero que esses grupos sejam os mesmo que fizeram contatos com o presidente Talabani e que agora eles estejam ampliando seus contatos. Eles estão mais sérios depois do anúncio do plano", disse Suneid.
Othman disse ainda que os grupos também buscaram contatos com as forças americanas.
O governo iraquiano e os EUA não confirmaram nem negaram os relatos.

Reservas
O plano de reconciliação de Maliki foi recebido com reserva por setores xiitas e sunitas.
O vice-presidente Tareq al Hashemi (sunita) reclamou do fato de a proposta não estabelecer um cronograma para a retirada das forças americanas.
"Deixar vago o tema da retirada equivale a dizer à resistência: continuem sua luta para liberar o Iraque", afirmou.
Já o líder xiita Sahib al Amery disse que o plano não pune com rigor os ex-membros do Baath, partido do ex-ditador Saddam Hussein.
Ontem, os EUA confirmaram que está em discussão um plano que posterga a retirada de parte das tropas americanas.
O plano anterior previa a saída de duas brigadas, o equivalente a 7.000 homens, no primeiro semestre deste ano. Pela nova proposta, a retirada desses soldados ocorreria em setembro, com a redução de outras cinco ou seis brigadas até o final de 2007.
Mas o presidente George W. Bush minimizou a notícia, reiterando que qualquer decisão vai depender de avanços na situação de segurança no Iraque.
Ontem, a explosão de uma bicicleta-bomba em Baquba, um reduto da insurgência sunita, matou ao menos 25 pessoas e feriu 33. Minutos antes, uma bomba explodira em um mercado de Hillah, de predominância xiita, matando ao menos 15 e ferindo 56. Outros incidentes provocaram mais 22 mortes.
A Chancelaria russa confirmou que foram mortos os quatro funcionários de sua embaixada em Bagdá seqüestrados há quatro semanas. Também ontem, dez estudantes sunitas foram seqüestrados.


Com agências internacionais

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