São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2008

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análise

China sai fortalecida e Japão perde

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

Um efeito involuntário da decisão americana de suspender sanções contra a Coréia do Norte é fortalecer a China entre os seis países que participam da negociação para desarmar a ditadura norte-coreana.
O Japão, que teve cidadãos seqüestrados pelo regime norte-coreano e se colocou contra a retirada do país da lista americana dos patrocinadores do terrorismo, saiu perdendo.
O regime chinês é um dos raros aliados do ditador King Jong-il, que investe em armas nucleares enquanto seu país definha.
Precisando de combustíveis e comida, o ditador de penteado e figurino exóticos delimitou o roteiro da "rendição". Entregou a lista para a China seis meses depois do prazo e deixou de fora dados que serão entregues nas próximas fases de negociação -e nunca de graça.
A China ganha ainda mais musculatura como mediador em disputas internacionais, deixando de lado uma tradicional política de não-intervenção. Na semana passada, o vice-presidente chinês, Xi Jinping, esteve em Pyongyang. A visita foi considerada como fundamental para a medida norte-coreana de ontem.
Enquanto tentavam acalmar os neoconservadores americanos, na época em que ainda achavam que tudo se resolvia no porrete, os chineses pressionavam o temperamental vizinho. Uma guerra entre as duas Coréias seria muito ruim para a China.
A Coréia do Sul é um dos dez maiores compradores de produtos chineses. Há 40 mil empresas sul-coreanas na China, que investiram cerca de US$ 100 bilhões no país.
Uma guerra afetaria a economia sul-coreana e, por tabela, a chinesa -e a queda do regime de King Jong-il empurraria milhões de norte-coreanos famintos a cruzar a fronteira com a China, algo atualmente bem controlado pelo regime chinês.


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