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Mugabe busca manter poder em eleição de um homem só
Ditador do Zimbábue disputa sozinho 2º turno hoje e diz que negocia apenas após vencer
Governo rejeita pressão de líderes africanos e se diz
confiante; Exército forçará o povo a votar, diz oposição
após retirar candidatura
DA REDAÇÃO
O ditador do Zimbábue, Robert Mugabe, concorre sozinho
hoje no criticado segundo turno de uma eleição que deve estender ainda mais seu governo
de 28 anos, apesar dos apelos
quase universais pelo adiamento do pleito e fim da violência
contra a oposição.
A cédula contará também
com o nome do opositor Morgan Tsvangirai, líder do Movimento pela Mudança Democrática (MDC). Mas Tsvangirai
retirou a candidatura no domingo, afirmando ser impossível concorrer em meio à brutal
repressão contra seu partido.
Ele continua refugiado na Embaixada da Holanda em Harare.
O MDC calcula que ataques
de milícias leais ao governista
Zanu-PF (União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica) deixaram quase 90
mortos e 200 mil desalojados
desde que Mugabe perdeu o
primeiro turno, em março.
Só na semana passada, ao
menos 12 corpos de membros
do MDC, todos com sinais de
espancamento, foram encontrados pelo país. A organização
internacional Human Rights
Watch denunciou ainda a formação de campos de tortura
governistas contra opositores.
Nesta semana, o fluxo de
zimbabuanos procurando ajuda na Embaixada da África do
Sul em Harare foi quase ininterrupto. Anteontem, segundo
o "New York Times", cerca de
400 pessoas passaram a noite
na rua em frente à embaixada.
Mas Mugabe aparenta indiferença. Em um último comício
ontem em Harare, ele disse que
o MDC "pode aceitar ou rejeitar, mas continuaremos governando este país da forma como
achamos certo". Segundo
Tsvangirai, o Exército irá forçar o povo a votar em Mugabe.
"Façam o que for preciso para
sobreviver", disse a apoiadores.
A crise levou vários países
africanos, vistos como os únicos capazes de influenciar Mugabe, a pedirem o adiamento do
pleito. Entre os que condenaram a votação estão a influente
Comunidade pelo Desenvolvimento da África Austral, a Nigéria e o partido governista da
África do Sul, que no entanto
rejeitou interferência externa
ao país vizinho.
Mas apelos foram inúteis.
"Podemos ter laços com outros
países, mas é só. Amizade não
significa que você dá o controle
do país", disse Mugabe. Ele afirmou ainda que está aberto a negociar uma coalizão com a oposição, mas só após a vitória. O
MDC, por sua vez, afirma que
não negociará depois do pleito.
Ontem, o governo brasileiro,
que cancelou sua missão de observação às eleições do Zimbábue, emitiu nota pedindo às
partes -especialmente o governo do país- que "evitem
qualquer ação que agrave ainda
mais a situação" e permitam
"eleições livres de qualquer forma de pressão e coerção".
Com agências internacionais
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