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Influência americana deve crescer, diz analista
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
As declarações da embaixadora
americana em Bogotá, sugerindo
que a Colômbia aumente o efetivo
de suas Forças Armadas, indica
uma maior influência dos EUA
nos problemas militares internos
do país, na avaliação do general
da reserva Alvaro Valencia Tovar,
ex-comandante-geral das Forças
Armadas colombianas.
Segundo ele, o governo colombiano já afirmou, e os EUA têm
consciência, de que é impossível
aumentar o efetivo das Forças Armadas com o atual Orçamento
que o país dispõe. "Não adianta
ter novos soldados, se eles [os
EUA" não aumentarem sua ajuda,
com novos equipamentos", diz.
Para o general, um provável aumento da ajuda dos EUA à Colômbia também foi indicado pela
aprovação, nesta semana, de uma
autorização pelo Congresso americano para que a ajuda dada ao
Plano Colômbia de combate ao
narcotráfico possa ser usada também para o combate aos grupos
armados ilegais. Leia a seguir trechos da entrevista que o general
concedeu ontem à Folha, por telefone, de Bogotá:
Folha - As declarações da embaixadora Anne Patterson pedindo o
aumento das Forças Armadas indicam uma participação maior dos
EUA nos problemas internos do
país ou é apenas pressão?
Alvaro Valencia Tovar - É a combinação das duas coisas. Os EUA
pressionam a Colômbia a combater o narcotráfico e a guerrilha
porque já se convenceram que os
dois são a mesma coisa e que ambos usam o terrorismo como
meio, tanto que o Congresso autorizou, nesta semana, o uso dos
recursos do Plano Colômbia para
combater também a guerrilha.
Mas os EUA sabem também
que os recursos são limitados.
Não adianta ter novos soldados,
se eles [os EUA" não aumentarem
sua ajuda, com novos equipamentos. Não adianta um efetivo
maior sem os meios necessários
para lutar. A conformação atual
das Forças Armadas é o máximo
permitido pelas possibilidades
atuais de Orçamento.
Folha - O presidente eleito, Alvaro Uribe, propôs a criação de um
novo imposto e a emissão de bônus
para financiar os gastos militares.
Isso não seria suficiente para permitir o aumento do efetivo militar?
Valencia - Novos impostos não
são suficientes. Com a atual situação de crise econômica enfrentada pela Colômbia, com um alto
déficit fiscal e desemprego crescente, não se pode empregar mais
recursos com gastos militares,
porque isso só aumentaria a recessão. É preciso uma ajuda externa também. Senão, chegaríamos a um ponto em que todo o Orçamento estaria comprometido
com gastos militares.
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