São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / CONTROLE DE DANOS

Estrategista tenta conter candidato indomável

Steve Schmidt quer ditar tema único no noticiário diário

DE WASHINGTON

A equipe de John McCain equilibra-se diariamente num paradoxo: tem de controlar um candidato que ganhou fama e venceu as primárias republicanas justamente por não ser controlável, pelo estilo com que encara perguntas e questionamentos sem seguir uma cartilha. Por ser, enfim, o que os locais chamam de "maverick", o animal sem dono, indomável.
Pois o "maverick" ganhou um domador. Pelo menos é o que tenta fazer o estrategista político Steve Schmidt desde o começo de julho, quando a campanha do republicano passou por uma profunda reformulação e ele ganhou o controle das operações do dia-a-dia.
Alto, calvo e corpulento, esse nativo de Nova Jersey de 37 anos aprendeu o método de Karl Rove, o estrategista por trás das grandes vitórias do Partido Republicano no século 21, e aprimorou ao trabalhar nas campanhas que garantiram a reeleição de George W. Bush e a eleição de Arnold Schwarzenegger em 2006 na Califórnia.
Consiste em fazer com que cada ciclo noticioso de 24 horas seja dominado por um e apenas um tema, e que esse tema tenha sido ditado pela campanha de McCain, não de Barack Obama. A costurar essa sucessão de temas está uma única mensagem: o candidato republicano representa a escolha segura; o democrata, o desconhecido.
Completam o Estado-Maior o assessor Charlie Black Jr., que fez parte de todas as campanhas presidenciais republicanas desde 1972, Rick Davis, oficialmente o chefe da campanha, mas que com a ascensão de Schmidt virou uma "rainha da Inglaterra", e Mark Salter, que trabalha com o senador há 20 anos, escreve seus discursos e responde por "Salter Ego".
"Nossa meta é a perfeição; nunca vamos atingi-la", disse Schmidt à equipe, ao assumi-la, no último dia 2, segundo o "Wall Street Journal". "Nosso padrão será a excelência; vamos segui-lo todos os dias."
Entre as mudanças promovidas por ele estão o recém-lançado programa semanal de rádio do candidato, feito nos moldes do do presidente Bush, e a virada nas apresentações públicas de McCain, com o republicano aparecendo na câmera junto dos eleitores, não mais isolado. Além disso, agora a equipe se reúne diariamente às 7h30 em vez de 8h30. É então que o tema do dia é definido.
Nas próximas horas, assessores, simpatizantes e os chamados "substitutos" martelarão a mensagem em entrevistas, teleconferências, palestras. Até que entra em campo McCain -e a idéia de Schmidt é que ele também siga o roteiro. A julgar pelo desempenho da última semana, porém, ele voltou a ser o mesmo de sempre: fala o que quer sobre o que escolhe no momento em que preferir.

A última fronteira
O próximo passo do estrategista é aproximar o candidato da internet -domínio de Obama. A avaliação é que o "analfabetismo on-line" de McCain, como definiu o próprio, ressalta a diferença de idade entre ele e o democrata, conhecido por usar iPod e dar boa-noite às filhas via webcam quando em viagem. O esforço é tímido.
"Estou aprendendo a entrar on-line sozinho e vou conseguir em breve", disse McCain ao "New York Times". Antes, havia sido criticado ao dizer que era impressionante o que era possível encontrar na internet hoje, quando indagado sobre como andava o processo de busca do candidato a vice. "It's a Google" (é um Google), falou. (SÉRGIO DÁVILA)


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