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PERFIL WIKILEAKS
Etos de site tem raiz na cultura dos hackers
No entanto, sua ênfase na verificação dos dados e na proteção das fontes é vinculada à tradição jornalística
TIM BRADSHAW
DO "FINANCIAL TIMES"
Julian Assange vem sendo
saudado como herói do jornalismo investigativo e condenado como risco à segurança nacional. Desde julho
de 2007 o site WikiLeaks, que
ele dirige, publica "documentos delicados" por meio
do que descreve como "vazamento com princípios".
O site já abrigou mais de 1
milhão de documentos, desde o manual da prisão de
Guantánamo até a lista de filiados do Partido Nacional
britânico, de extrema-direita.
Seu vazamento de mais alto impacto havia sido neste
ano, com um vídeo de 2007
que aparentemente mostra
um helicóptero dos EUA disparando contra um grupo em
Bagdá, matando dois funcionários da agência de notícias
Reuters. Assange não viaja
aos EUA desde então, por receio de ser preso.
"Acreditamos que a transparência em atividades governamentais leva à redução
da corrupção e a democracias mais fortes", diz o site.
O WikiLeaks possui uma
tradição de revelação na internet de informações suprimidas, que data das alegações de 1998 sobre as ligações do então presidente Bill
Clinton com a estagiária Monica Lewinsky. Seu etos tem
suas raízes na cultura dos
hackers, e o "wiki" no nome
alude à mesma tecnologia de
publicação de acesso aberto
empregada pelo Wikipedia.
Mas sua ênfase na verificação dos dados colhidos e na
proteção de suas fontes é testemunho de uma tradição
jornalística mais longa. Sua
ascensão é concomitante à
redução da capacidade dos
jornais de investir em jornalismo investigativo, prejudicada pela queda na circulação e as dificuldades em ganhar dinheiro com a internet.
O WikiLeaks depende de
donativos, mas sabe-se pouco sobre a origem e as dimensões de seu financiamento.
Recentemente, Assange
disse que vive como nômade,
carregando um computador
em uma mochila e suas roupas em outra. Após manter-se discreto por vários anos,
suas aparições públicas vêm
se tornando mais frequentes.
Ao aliar-se ao "Guardian",
"New York Times" e "Der
Spiegel" para divulgar os registros da guerra no Afeganistão, o WikiLeaks procurou somar o impacto de notícias de primeira página e as
habilidades de repórteres especializados à transparência
radical da divulgação de documentos originais.
Tradução de CLARA ALLAIN
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