São Paulo, terça-feira, 27 de julho de 2010

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Impacto político de vazamento ainda é incerto

DE WASHINGTON

Apesar da forte grita internacional provocada pelo vazamento dos documentos do Afeganistão ao site WikiLeaks, analistas afirmam que é cedo para prever mudanças de estratégia e questionam comparações com os chamados "Pentagon Papers".
Trata-se de um vazamento de forte impacto político, ocorrido em 1971, de um estudo estratégico sobre a Guerra do Vietnã. Ele mostrou que o governo manipulava informações e havia decidido aumentar os combates convencionais antes de receber permissão do Congresso.
O atual vazamento também mostra discrepâncias entre a propaganda do governo -agora sobre a guerra no Afeganistão- e os relatos em campo, mas ainda não revelou uma novidade absoluta ou uma mentira absurda.
"Não acho que podemos comparar", disse à Folha Barry Posen, especialista em Afeganistão do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). "Os "Pentagon Papers" continham anos de decisões estratégicas de alto nível, e esse vazamento tem informações táticas, de campo."
Para ele, o crucial dos documentos do WikiLeaks é mostrar que "as coisas estão ainda piores do que pensávamos". "Os paquistaneses são menos confiáveis, o Taleban é mais forte. A Casa Branca não sabe o que está fazendo e distorce a realidade."
Para o analista Richard Tofel, do site ProPublica, a maior semelhança entre o caso atual e o de 1971 é que ambos são relativos a governos americanos que já saíram do poder. Esse é um argumento de Barack Obama para se defender -o período dos dados, 2004 a 2009, é quase todo anterior à sua estratégia.
Bruce Riedel, analista do Instituto Brookings e colaborador da Casa Branca, disse à Folha que "sem dúvida o vazamento será usado pelos críticos da guerra". "Mas o presidente está comprometido com a estratégia, e ela não vai mudar."


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