São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 2011

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ANÁLISE

Reação blasé de Wall Street é um desafio para a tática de Obama

ANDREW ROSS SORKIN
DO "NEW YORK TIMES"

Enquanto Washington continua a debater um acordo sobre a dívida, a administração Obama vem preparando o país para o pior.
Estranhamente, porém, ainda não aconteceu nada. Apesar dos avisos de que um acordo teria que ser fechado até a noite de domingo, antes da abertura dos mercados asiáticos, as ações apenas tropeçaram no início da semana.
No discurso que fez anteontem, Obama novamente avisou sobre as consequências graves se não for alcançado um acordo logo.
A resposta blasé de Wall Street até agora, porém, traz um desafio sério para a administração americana.
Embora os céus possam cair sem um consenso, o fato de o mercado ter estado calmo serviu só para aprofundar a resistência a um acordo.
Cada vez mais o mercado acredita que o prazo do dia 2 de agosto é falso. Economistas disseram que o governo terá dinheiro para continuar os pagamentos por dias.
Wall Street conta com um acordo no último minuto.
Os investidores têm boas razões para fazer pouco caso do drama. Desde 1962 o Congresso já votou para elevar o limite 74 vezes, segundo o Serviço de Pesquisas do Congresso.
Mas os investidores podem ter sido induzidos a uma impressão falsa de segurança, deixando de tomar consciência do quadro mais amplo.
Se os parlamentares vão ou não conseguir fechar um acordo sobre o teto da dívida talvez seja irrelevante.
A questão é como as agências de classificação vão avaliar a capacidade do país de saldar suas dívidas.
É por isso que parlamentares discutem buscar uma medida provisória, que traga uma solução para os próximos dois ou três meses.
A Standard & Poor's ameaçou rebaixar a classificação dos EUA se os parlamentares não apresentarem uma solução "digna de crédito".
"O que não está sendo percebido é um desenlace em que o teto da dívida seja elevado, o calote evitado, mas uma das agências classificatórias se sinta obrigada a rebaixar a classificação AAA dos EUA em função de um acordo insuficiente sobre reforma fiscal de médio prazo", disse Mohamed El-Erian, executivo-chefe da Pimco, administradora de títulos.
Se os EUA perdessem sua classificação estelar, o governo federal, as empresas, os donos de casa própria e inúmeros outros veriam seus custos subir vertiginosamente --situação que, essa sim, com certeza mergulharia os mercados em uma espiral descendente.

Tradução de CLARA ALLAIN


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