São Paulo, quarta-feira, 27 de julho de 2011

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Verão israelense tem onda de protestos

Milhares de estudantes montam acampamento nas ruas de Tel Aviv contra o aumento dos preços dos aluguéis

Manifestações foram organizadas pela internet; governo de Israel lança pacote com oferta de imóveis

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A TEL AVIV

Depois da Primavera Árabe, o verão israelense. A onda de protestos que tomou conta de Israel pede a queda dos preços, não do governo.
Mas o que começou como um movimento de estudantes de Tel Aviv contra os altos preços dos aluguéis espalhou-se de norte a sul, e alguns já apostam que mudará o cenário político do país.
Talvez seja uma aposta exagerada. Porém, nem a estudante de cinema Daphi Leef, 26, imaginava que sua mensagem postada no Facebook há duas semanas, convocando o protesto, viraria uma febre nacional.
Em poucos dias, milhares de pessoas se juntaram a Daphni, montando acampamento nas ruas das principais cidades do país. No último sábado, mais de 30 mil pessoas marcharam em Tel Aviv em apoio à campanha.
O governo reagiu. Ontem o premiê Binyamin Netanyahu anunciou medidas para aumentar a oferta de imóveis. "A crise de moradia em Israel é real", disse "Bibi", que cancelou ida à Polônia para apagar o incêndio.
Entre as medidas estão incentivos à construção de imóveis baratos e a criação de 10 mil dormitórios para estudantes, que também terão desconto de 50% nos transportes públicos.
Acampados na badalada alameda Rotschild, em Tel Aviv, os líderes do movimento rejeitaram o anúncio e exigiram ações mais amplas.
"Bibi quer subornar os estudantes para dividir o movimento", disse o presidente da união de estudantes de Tel Aviv, Ran Livne.
Israel saiu sem arranhões da crise financeira global, e o desemprego em maio, de 5,7%, é o menor da história.
Mas o aumento dos preços de itens básicos, como alimentos e combustíveis, obrigou as classes baixa e média a apertar o cinto. Em cinco anos os imóveis encareceram em média 55% para venda e 27% para aluguel.
Embora infinitamente menos ambiciosa, a "revolta dos aluguéis" despertou comparações com os levantes no mundo árabe. Crítico contumaz da apatia israelense, sobretudo em relação ao conflito com os árabes, o colunista Gideon Levy, do "Haaretz", saudou os protestos.
"Talvez os israelenses do meio se convençam que é proibido continuar apáticos, reclamando sem fazer nada".


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