São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Saddam pretende levar guerra para as ruas

MICHAEL R. GORDON
DO "THE NEW YORK TIMES"

O ditador do Iraque, Saddam Hussein, quer levar para as ruas das grandes cidades iraquianas um possível conflito contra os EUA, segundo autoridades do Pentágono e analistas militares.
De acordo com essas fontes, o Iraque já está se preparando militarmente para um confronto contra os americanos.
O Exército do Iraque já está posicionando equipamentos militares ao redor de Bagdá. Unidades de defesa aérea também foram mobilizadas. Unidades do Exército foram espalhadas por várias partes do país para ficarem menos vulneráveis a ataques aéreos.
O presidente dos EUA, George W. Bush, já afirmou que o país está analisando a possibilidade de um ataque ao Iraque para derrubar Saddam.
Na Guerra do Golfo, em 1991, as forças iraquianas que invadiram o Kuait ficaram em posições no meio do deserto e se tornaram alvos fáceis para os mais bem preparados americanos.
Agora, por meio da guerra urbana, o Iraque quer que os EUA pensem duas vezes antes de atacar. "O Iraque não tem esperança de vencer um conflito militar normal", afirma Kenneth Pollack, diretor de de estudos de segurança nacional do Conselho de Relações Exteriores e ex-analista militar sobre o Iraque da CIA (serviço de inteligência dos EUA).
Autoridades militares americanas expressaram confiança de que os EUA triunfarão na guerra, mas divergem sobre a dificuldade de uma campanha militar, especialmente se suas forças forem levadas a lutar nas cidades iraquianas. A avaliação deles depende não apenas da qualidade das Forças Armadas iraquianas, como também de quantas unidades do Exército continuarão leais a Saddam.

Facilidade
"Minha avaliação é de que, se colocarmos muita pressão [sobre os soldados iraquianos], eles não irão combater", disse o general Barry McCaffrey, que comandou uma divisão do Exército dos EUA na Guerra do Golfo. "Dizer que eles transformarão algumas áreas em Stalingrado é um absurdo."
Para McCaffrey, os iraquianos não podem conter a força e a velocidade dos militares americanos. "Uma guerra pode causar algumas milhares de vítimas americanas. Mas, honestamente, se formos decididos, levará 90 dias para preparar nossas forças e 21 dias para a campanha militar".
O general Joseph P. Hoar, que dirigiu o Comando Central dos EUA responsável pelas operações militares no Oriente Médio, acha que os americanos irão vencer, "mas é preciso saber qual será o risco".
Não há dúvida de que o poderio militar iraquiano não é nem sombra do que era em 1990, quando o país invadiu o Kuait. Com o embargo da ONU, os iraquianos não puderam comprar novos armamentos. Já os EUA aumentaram ainda mais a sua capacidade militar desde o conflito.


Texto Anterior: Guerra sem limites: Bush dispensa aval do Congresso a ataque
Próximo Texto: Europa: Juiz espanhol bane o braço político do ETA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.