São Paulo, sexta-feira, 27 de agosto de 2004

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TRAGÉDIA

Caixas-pretas não confirmam tese de terrorismo; governo nega boatos sobre acidentes que mataram 89 na terça

Queda dos dois Tupolev ainda é mistério em Moscou

DA REDAÇÃO

O governo russo não conseguiu ontem descartar ou oficializar a versão de que o terrorismo foi responsável pela queda quase simultânea de dois aviões Tupolev na noite de terça, em acidentes que mataram 89 pessoas.
As caixas-pretas dos dois aviões deixaram de funcionar antes da queda e não trazem revelações importantes, afirmou Vladimir Yakovlev, encarregado pelo presidente Vladimir Putin de acompanhar as investigações.
Ele disse à agência russa Itar-Tass que atos terroristas continuavam na linha de frente das suspeitas. Foi a primeira vez que um alto funcionário do Kremlin mencionou de modo tão aberto essa possibilidade. Não há, entretanto, informações concretas que respaldem sua afirmação.
O que há são boatos que alguns jornais russos transcrevem sem identificar a procedência ou a consistência informativa.
É o caso do "Nezavisimaya Gazeta", que estampou ontem em manchete: "A Rússia já tem seu 11 de Setembro", numa alusão aos atentados de 2001 nos EUA. A reportagem foi considerada desprovida de fundamentos pelo Ministério dos Transportes.
Segundo a France Presse, a mentalidade predominante entre os russos tende à aceitação da idéia de terrorismo. As décadas de comunismo os tornaram desconfiados das versões oficiais. E é voz corrente que não seria de interesse do Kremlin admitir um ato terrorista de separatistas islâmicos da Tchetchênia, às vésperas das eleições presidenciais de domingo na Província separatista.
A hipótese ganhou corpo porque, num dos aviões acidentados, o TU-154 que voava para um balneário do Mar Negro, havia uma passageira com sobrenome Djabrailova, comum aos tchetchenos. E seu corpo seria até agora o único a não ter sido procurado por familiares.
O ministro dos Transportes, Igor Levitin, disse que investigará o caso, mas não pressupõe que a passageira tenha sido terrorista. Deixou a hipótese em aberto.
Os que acreditam em terrorismo foram desarmados com o abandono da versão de que o TU-154, pouco antes de cair, havia emitido um alarme de seqüestro.
Na verdade, disse o procurador-geral russo, Vladimir Ustinov, o alarme poderia merecer outras interpretações, e na caixa-preta o diálogo entre tripulantes não confirmava o seqüestro.


Com agências internacionais


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