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Nš de imigrantes explode e provoca reação de britânicos
Desde 2004, pelo menos 600 mil trabalhadores chegaram ao Reino Unido vindos dos novos países-membros da UE
Imigrantes são associados à sobrecarga dos serviços públicos e ao aumento do desemprego; para alguns, eles ativam a economia
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
O pavio da "dinamite política" chamada imigração, segundo definição do premiê Tony
Blair, voltou a ser aceso na última terça-feira, após o governo
divulgar um relatório com dados e estimativas sobre os imigrantes no Reino Unido.
Na pletora de números, ganharam destaque os estimados
600 mil trabalhadores imigrantes que vieram de oito ex-Estados comunistas desde que estes
se juntaram à União Européia,
em maio de 2004.
O número chamou a atenção
por dois motivos: sua magnitude é muito maior do que o governo havia calculado -estimava-se que eram 26 mil imigrantes em busca de emprego,
no mesmo período- e ainda
pode crescer, com a provável
entrada da Romênia e da Bulgária na UE, em 2007.
Os dados do relatório deram
munição farta aos opositores
da atual política de imigração,
como o Partido Conservador e
boa parte de mídia inglesa.
Os imigrantes foram associados ao crescente número de desempregados no Reino Unido
-o maior dos últimos seis
anos-, à redução dos salários e
à sobrecarga dos sistemas públicos de saúde e educação.
Os tablóides chegaram às
raias da xenofobia, com manchetes sobre gângsters e prostitutas da Bulgária e crianças romenas com Aids prontos para
invadirem o Reino Unido.
Mas os partidários da imigração -membros dos partidos
Trabalhista e Liberal Democrático, representantes da indústria, comércio e agricultura-
também aproveitaram para desenhar um cenário favorável.
O crescimento da economia
britânica, dizem eles, é sustentado pelos imigrantes, que representam 8% da força de trabalho, mas colaboram com 10%
do Produto Interno Bruto.
Também são os imigrantes
que preenchem vagas ociosas,
pela falta de interesse ou de
qualificação dos britânicos.
E, com os salários mais baixos que a maioria recebe em
comparação com seus colegas
locais, ajudam a manter a economia britânica competitiva e
as taxas de juros baixas.
Portas abertas
Um dos maiores entusiastas
da UE, Blair sempre teve uma
posição mais liberal em relação
à entrada de novos membros e
à circulação dos cidadãos do
bloco.
Quando Estônia, Lituânia,
República Tcheca, Letônia, Eslováquia, Eslovênia, Hungria e
Polônia se juntaram ao bloco,
em 2004, o Reino Unido foi um
dos únicos três países que deram total direito de trabalho
aos seus cidadãos -Irlanda e
Suécia foram os outros dois.
Mas agora o cenário que o governo britânico desenha para
os novos membros promete ser
diferente.
O secretário da Indústria e
Comércio, Alistair Darling, indicou que a continuidade da
política de "portas abertas" é
inviável e que restrições devem
ser impostas aos novos imigrantes. Figuras importantes
como os secretários John Reid
(Interior) e John Hutton (Trabalho e Previdência) também
se disseram favoráveis a medidas de controle da imigração.
O número total de habitantes
do Reino Unido ultrapassou os
60 milhões de pessoas pela primeira vez no ano passado, segundo o Escritório Nacional de
Estatísticas. O crescimento foi
de 0,6%, o maior desde 1962.
Os imigrantes têm um papel
importante nesse total. Desde
2004, cerca de 1,4 milhão de
pessoas entraram legalmente
no país, contra 119 mil britânicos que o deixaram. O Brasil lidera o número dos ilegais barrados que a Polônia foi admitida na UE. Foram 5.180 no ano
passado.
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