São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2004

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PERDÃO

"Fazemos isso sozinhos hoje, mas encorajamos outros países a nos seguir", afirma ministro britânico Gordon Brown

Reino Unido assumirá 10% da dívida de países pobres

DA REDAÇÃO

O Reino Unido se propôs a pagar 10% do total da dívida de países pobres com agências internacionais, em uma iniciativa para tentar reduzir a dívida externa desses países, afirmou ontem o ministro das Finanças britânico, Gordon Brown, que desafiou outros governos a fazer o mesmo.
"Pagaremos nossa parte das dívidas multilaterais de países de baixa renda", afirmou Brown em comunicado divulgado pelo Departamento de Desenvolvimento Internacional britânico.
"Faremos pagamentos no lugar deles para o Banco Mundial e o Banco de Desenvolvimento Africano no montante que corresponde à parte dessa dívida que é do Reino Unido", explicou.
"Fazemos isso sozinhos hoje, mas encorajamos outros países a nos seguir de modo que países muito endividados sejam aliviados da sobrecarga do pagamento de toda uma dívida multilateral impagável", disse ainda.
O ministro iria divulgar detalhes do plano ainda ontem, em evento em Brighton (sudeste), onde o Partido Trabalhista, do premiê Tony Blair, faz sua convenção anual.
Brown anunciaria que seu país vai separar o equivalente a US$ 180 milhões anuais para pagar 10% da dívida de 32 países a credores internacionais, disse o "New York Times". A lista de beneficiados pode incluir Bolívia, Etiópia e Moçambique. O Brasil não faria parte.
Segundo o presidente do Banco Mundial, James Wolfensohn, os EUA também formularam um plano de perdão da dívida de países pobres, ainda não divulgado.
A proposta de Brown chega dias antes das reuniões anuais do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional), em Washington. Em dezembro, o mecanismo atual de perdão da dívida, criado pelos dois organismos em 1996, deve ser renovado por mais dois anos, trazendo o tema de volta à agenda internacional.
Países em desenvolvimento argumentam que freqüentemente têm de escolher entre pagar a dívida e atender a necessidades mais urgentes de suas populações ou fazer gastos que poderiam fortalecer suas economias. O total da dívida dos países mais pobres está estimado em US$ 200 bilhões.
"O que esperamos é que isso provoque uma desobstrução. Se outros seguirem esse exemplo, haverá uma reviravolta nos esforços de pôr fim à carga da dívida externa", disse Brendan Cox, da organização humanitária Oxfam.
Romilly Greenhil, da ONG Action Aid, disse que a soma mencionada por Brown deve fazer parte do orçamento anual britânico para o desenvolvimento, hoje de US$ 7 bilhões. "Não é estritamente dinheiro novo, no sentido de que já está incluído nesse orçamento", afirmou.


Com agências internacionais

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