São Paulo, quinta-feira, 27 de setembro de 2007

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Para EUA, o plano atômico do Irã não é caso encerrado

Burns contesta presidente Ahmadinejad, que citou na terça acordo com a AIEA

EUA estão agastados com o diretor da agência nuclear da ONU, por aceitar novas explicações do Irã durante a vigência das sanções do CS

DA REDAÇÃO

Os Estados Unidos rejeitaram ontem a afirmação feita na véspera pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, de que a controvérsia envolvendo seu programa nuclear já seria "uma questão encerrada".
O subsecretário de Estado para Assuntos Políticos, Nicholas Burns, afirmou que "a questão não está encerrada", que o dirigente do Irã "está completamente enganado" e que "a comunidade internacional não deixará que ele se esqueça de que seu país está agindo em sentido oposto ao desejado pelo Conselho de Segurança".
Ahmadinejad referiu-se anteontem da tribuna da ONU ao acordo fechado em agosto entre seu país e a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), pelo qual o regime islâmico se comprometeu a dar explicações sobre 17 anos de atividades nucleares sigilosas.
Disse que esse acordo põe fim à pressão das "potências arrogantes" que impuseram a seu país "sanções ilegais".
As duas resoluções com as sanções permanecem de pé, disse Burns.
O projeto de uma terceira resolução foi discutido ontem à noite, em Nova York, e o será ainda hoje, por diplomatas dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (EUA, França, Reino Unido, Rússia e China), grupo ao qual se agregou a Alemanha.
A etapa seguinte é a reunião dos chefes das diplomacias desses países para discutir a redação do texto a ser votado. A Rússia e a China, que têm poder de veto, são grandes parceiras comerciais do Irã.

Mohamed el Baradei
A divergência tem como pivô o diretor-geral da AIEA, Mohamed el Baradei, que aceitou a promessa de esclarecimento do Irã, a ser feita até dezembro, e já enviou àquele país um primeiro grupo de inspetores.
O Irã sempre argumentou que seu programa nuclear era essencialmente civil e destinado a produzir eletricidade. Mas a própria AIEA constatou lacunas importantes nos informes enviados no passado e protestou contra o fato de seus inspetores não terem acesso irrestrito às unidades de produção de equipamento, de enriquecimento de urânio e reatores.
El Baradei não deu ontem declarações. No site da AIEA seu último pronunciamento sobre o assunto data da quarta-feira da semana passada, em que justifica o novo prazo dado ao Irã.
Os Estados Unidos, e de modo menos barulhento a França e a Alemanha, acusam El Baradei de ter extrapolado de suas funções técnicas para tomar iniciativas diplomáticas que trombam com as resoluções do Conselho de Segurança.


Com agências internacionais


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