São Paulo, domingo, 27 de setembro de 2009

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Governante socialista tenta seguir à frente de Portugal

Pesquisas indicam que partido de premiê pode perder o poder nas eleições de hoje

Crise econômica e aumento do desemprego podem ajudar oposição em pleito que renova as 230 cadeiras do Parlamento português


VITORINO CORAGEM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LISBOA

Uma batalha acirrada e repleta de polêmica. Assim se caracterizou a campanha para as eleições legislativas portuguesas de hoje, que definem o primeiro-ministro do país pelos próximos quatro anos.
As últimas pesquisas colocavam o governista Partido Socialista (PS) na frente, com 38% das intenções de voto, mas sem conseguir a maioria absoluta, tal como aconteceu nas eleições de 2005, quando obteve 45% dos votos e 121 das 230 cadeiras no Parlamento.
As mesmas sondagens preveem para os social-democratas (PSD) um resultado de 30% que, somado aos 8% do conservador CDS-PP (Partido Popular), poderá favorecer uma coligação de centro-direita empatada com os socialistas.
O fenômeno destas eleições promete ser o partido esquerdista de Francisco Louçã. Calcula-se que o seu Bloco de Esquerda poderá conseguir 11% de votos, o suficiente para fazê-lo pular das atuais 8 para 22 cadeiras no Parlamento.
A perspectiva de uma terceira e nova força no cenário político poderá forçar o PS a estabelecer acordos pontuais com as agremiações rivais.
O partido do premiê José Sócrates fez campanha destacando os tradicionais princípios de esquerda, com o objetivo de reconquistar parte do eleitorado que lhe deu as costas nas recentes eleições para o Parlamento Europeu e que sofre os efeitos da crise econômica.
O país acaba de superar a marca dos 500 mil desempregados (cerca de 9% da população economicamente ativa). O emprego fora apontado como umas das prioridades de José Sócrates em sua campanha eleitoral anterior. Além disso, o premiê implementou fortes cortes orçamentários, com o argumento de que só assim Portugal poderia se defender melhor da crise. Mas o líder socialista quer implementar medidas que estimulem a economia, inclusive com grandes obras públicas.
A líder do direitista PSD, Manuela Ferreira Leite, conhecida como a "Dama de Ferro", disparou duras críticas em relação ao peso do Estado na economia e na sociedade.
Desde a implementação da democracia, em 25 de abril de 1974, os dois maiores partidos travam a mesma disputa de poder em Portugal. O que os distingue são, em primeiro lugar, os costumes.
De uma forma geral, o PS apresenta-se como uma agremiação com maior abertura, ao passo que o PSD se caracteriza como uma força conservadora.
Os social-democratas são contra o casamento entre homossexuais e votaram contra a descriminação do aborto.
Quanto às grandes obras, os dois partidos defendem o aumento do investimento público, mas querem implementá-lo de forma diferente.
Sócrates quer melhorar a infraestrutura do país, como a linha de alta velocidade, a terceira travessia sobre o Tejo ou o aeroporto de Alcochete.
Manuela Ferreira Leite, por sua vez, prefere priorizar a construção de pequenas obras a nível regional, que criem empregos diretos e que ajudem a recuperar patrimônio ou equipamentos sociais. Se vencer, ela suspenderá o modelo de avaliação dos professores e defenderá a redução do número de deputados de 230 para 180.
Finalmente, no que diz respeito a saúde e segurança social, os social-democratas propõem um sistema mais aberto, que possibilite a escolha entre o público ou o privado. Por seu lado, Sócrates acusa-os de quererem implementar a privatização e defende o Serviço Nacional de Saúde.


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