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Governante socialista tenta seguir à frente de Portugal
Pesquisas indicam que partido de premiê pode perder o poder nas eleições de hoje
Crise econômica e aumento
do desemprego podem
ajudar oposição em pleito
que renova as 230 cadeiras
do Parlamento português
VITORINO CORAGEM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LISBOA
Uma batalha acirrada e repleta de polêmica. Assim se caracterizou a campanha para as
eleições legislativas portuguesas de hoje, que definem o primeiro-ministro do país pelos
próximos quatro anos.
As últimas pesquisas colocavam o governista Partido Socialista (PS) na frente, com 38%
das intenções de voto, mas sem
conseguir a maioria absoluta,
tal como aconteceu nas eleições de 2005, quando obteve
45% dos votos e 121 das 230 cadeiras no Parlamento.
As mesmas sondagens preveem para os social-democratas (PSD) um resultado de 30%
que, somado aos 8% do conservador CDS-PP (Partido Popular), poderá favorecer uma coligação de centro-direita empatada com os socialistas.
O fenômeno destas eleições
promete ser o partido esquerdista de Francisco Louçã. Calcula-se que o seu Bloco de Esquerda poderá conseguir 11%
de votos, o suficiente para fazê-lo pular das atuais 8 para 22 cadeiras no Parlamento.
A perspectiva de uma terceira e nova força no cenário político poderá forçar o PS a estabelecer acordos pontuais com
as agremiações rivais.
O partido do premiê José Sócrates fez campanha destacando os tradicionais princípios de
esquerda, com o objetivo de reconquistar parte do eleitorado
que lhe deu as costas nas recentes eleições para o Parlamento
Europeu e que sofre os efeitos
da crise econômica.
O país acaba de superar a
marca dos 500 mil desempregados (cerca de 9% da população economicamente ativa). O
emprego fora apontado como
umas das prioridades de José
Sócrates em sua campanha
eleitoral anterior. Além disso, o
premiê implementou fortes
cortes orçamentários, com o
argumento de que só assim
Portugal poderia se defender
melhor da crise. Mas o líder socialista quer implementar medidas que estimulem a economia, inclusive com grandes
obras públicas.
A líder do direitista PSD, Manuela Ferreira Leite, conhecida
como a "Dama de Ferro", disparou duras críticas em relação
ao peso do Estado na economia
e na sociedade.
Desde a implementação da
democracia, em 25 de abril de
1974, os dois maiores partidos
travam a mesma disputa de poder em Portugal. O que os distingue são, em primeiro lugar,
os costumes.
De uma forma geral, o PS
apresenta-se como uma agremiação com maior abertura, ao
passo que o PSD se caracteriza
como uma força conservadora.
Os social-democratas são
contra o casamento entre homossexuais e votaram contra a
descriminação do aborto.
Quanto às grandes obras, os
dois partidos defendem o aumento do investimento público, mas querem implementá-lo
de forma diferente.
Sócrates quer melhorar a infraestrutura do país, como a linha de alta velocidade, a terceira travessia sobre o Tejo ou o
aeroporto de Alcochete.
Manuela Ferreira Leite, por
sua vez, prefere priorizar a
construção de pequenas obras
a nível regional, que criem empregos diretos e que ajudem a
recuperar patrimônio ou equipamentos sociais. Se vencer,
ela suspenderá o modelo de
avaliação dos professores e defenderá a redução do número
de deputados de 230 para 180.
Finalmente, no que diz respeito a saúde e segurança social, os social-democratas propõem um sistema mais aberto,
que possibilite a escolha entre o
público ou o privado. Por seu
lado, Sócrates acusa-os de quererem implementar a privatização e defende o Serviço Nacional de Saúde.
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