São Paulo, domingo, 27 de outubro de 2002

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Consumidores valorizam "gay-friendly"

DE NOVA YORK

Com uma capacidade de compra prevista para US$ 609 bilhões em 2007, não demorou para que a cada vez mais organizada e atuante comunidade gay norte-americana descobrisse também seu poder de fogo no comércio.
Assim, como já ocorria antes em relação a ecologia e mulheres, consumidores começam a prestar atenção à posição de uma empresa quanto aos direitos dos homossexuais na hora de gastar.
Passam no teste as companhias com políticas batizadas de "gay-friendly", ou favoráveis aos homossexuais. São as chamadas marcas GLSBT, sigla do movimento para gays, lésbicas, simpatizantes, bissexuais e transgêneros. Os quesitos vão de pequenas ações, como o fato de uma empresa doar ou não dinheiro para ONGS de direitos civis, até a maneira como casais homossexuais são tratados pelo seu RH.
Segundo pesquisa divulgada no começo do mês em Nova York, 47% dos consumidores GLSBT ouvidos disseram preferir comprar produtos de empresas que apoiam abertamente o movimento ou que pelo menos não demonstram preconceito, contra apenas 18% dos heterossexuais que têm a mesma preocupação.
O levantamento foi feito pelo instituto de pesquisas Harris Interactive e pela empresa de marketing Witeck-Combs com 2.023 adultos espalhados pelo território norte-americano, dos quais 6% se declararam homossexuais.
É entre estes que vêm as conclusões mais surpreendentes. Por exemplo: a maioria diz que se sente mais à vontade quando é atendida por pessoal que é abertamente homossexual e cita entre as empresas em que isso acontece nomes conhecidos como a companhia aérea American Airlines, a fabricante de cerveja Coors e a gigante da informática IBM.
Uma boa relação com a comunidade gay influencia o grupo em decisões de compra e contratação de serviços nas áreas financeira (56%), de saúde (51%), de casas e automóveis (49%), de supermercado e produtos farmacêuticos (42%) e de computadores (42%).
"A percepção de que uma empresa dá abertura e oportunidades iguais para homossexuais importa cada vez mais para o consumidor GLSBT", disse o presidente da Witeck, Wesley Combs.
Para ele, as companhias que optarem por deixar seus funcionários homossexuais que lidam com o público mais visíveis e motivados podem acabar lucrando mais com a fatia gay do que tendo prejuízo com a fatia heterossexual ou conservadora.
Com ele concorda Joseph Bertolotti, diretor de programas da GLBT Sales and Talent, empresa criada justamente para dar assessoria sobre o assunto para o companhias interessadas em atrair este tipo de consumidor. "O resultado desta pesquisa só legitima o fato de uma empresa como a IBM, por exemplo, ter criado uma equipe para lidar com o mercado GLSBT há dois anos", disse. (SD)


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