São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2008

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Concertação perde prefeituras no Chile

Oposição governará Santiago; eleições municipais devem influenciar a sucessão de Bachelet em 2009

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

A Concertação, coalizão de centro-esquerda da presidente Michelle Bachelet obteve maioria de vereadores, mas perderia no número de prefeituras para a aliança de partidos conservadores, segundo resultados parciais das eleições municipais chilenas divulgados às 22h (hora de Brasília) ontem.
Com 54,58% dos votos apurados, a Concertação tinha 45,11% dos votos para vereador enquanto a direitista Aliança pelo Chile alcançava 36,25%.
Os resultados da Concertação são a soma de suas duas listas, já que, pela primeira vez, a coalizão saiu com uma lista de vereadores para cada um dos principais partidos que a formam, os socialistas -da presidente Bachelet- e os democratas cristãos. Na votação para prefeitos, a Aliança se impunha com 40,24% contra 38,46% da Concertação.
A pior derrota foi na capital chilena, Santiago, onde o candidato da Concertação, Jaime Ravinet, era o favorito, mas perdeu para o oposicionista Pablo Zalaquett, mantendo o poder da direita na capital.
Os chilenos participaram ontem de eleições municipais para escolher 345 prefeitos e 2.144 vereadores, numa votação que deve influenciar na escolha do sucessor de Bachelet em 2009. Os resultados oficiais só deveriam ser divulgados perto da 1h de hoje.
O bom resultado da oposição confirma a previsão de especialistas de que a Concertação governista perderia espaço para a direitista Aliança pelo Chile.
Bachelet admitiu ontem que as eleições mostram que a coalizão deve aceitar mudanças. A socialista lidera o quarto governo consecutivo da Concertação desde 1990, quando caiu a ditadura de 17 anos do general Augusto Pinochet.
Enquanto isso, o favorito em todas as pesquisas para as eleições presidenciais de 2009, o milionário Sebastián Piñera, da Aliança, garantiu que sua coalizão chegará no próximo ano ao Palácio de La Moneda.
Ontem, Bachelet foi recebida na seção eleitoral onde vota, na capital, entre aplausos e mostras de repúdio, como a de uma mulher que a chamava de mentirosa. A presidente destacou que o processo acontece mais uma vez de forma "eficaz, transparente e limpa".

Descrença política
Analistas políticos esperavam um alto índice de abstenção para a eleição de ontem, atribuído aos efeitos do problemático sistema de transportes implantado na capital chilena.
Segundo uma pesquisa do Instituto Nacional da Juventude (Injuv), 80% da população de entre 18 e 35 anos não votaria no pleito. Dias antes da eleição, centenas de universitários bloquearam uma rua de Santiago para pedir o boicote da votação. Acabaram dispersados por jatos d'água.
O sistema eleitoral chileno é regido por um sistema de inscrição voluntária para a eleição, e só quem se inscreve é obrigado a votar.


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