São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2004

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"Não queremos a Rússia de Putin"

NATALIE NOUGAYRÈDE
DO "LE MONDE", EM MOSCOU

Seu símbolo, de cor amarela-viva, é o desenho de um alvo para arma de fogo, mas eles se dizem contrários a qualquer violência. Os jovens ucranianos do movimento estudantil Pora (é chegada a hora) querem ser a ponta-de-lança da "revolução" na Ucrânia.
Segundo um de seus dirigentes, Volodimir Lessik, encarregado dos serviços de segurança e das questões jurídicas do grupo, o Pora conta hoje com 300 mil membros e simpatizantes em todo o país. Mas seu núcleo principal é formado por 3.000 ativistas.
Eles são sobretudo estudantes, muitos deles secundaristas, mas também há veteranos da grande greve universitária do final dos anos 1980, um dos episódios-chave do processo de independência da Ucrânia.
Nos meses que antecederam a eleição presidencial, o Pora multiplicou suas ações em diversas regiões da Ucrânia. Dezenas de militantes foram presos. A repressão policial, por sua vez, ajudou a mobilizar parte da juventude ucraniana em torno do movimento.

Vocação européia
"Trabalhamos em estreita colaboração com as equipes da OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) e com os deputados oposicionistas do Parlamento", disse Lessik. "Também temos contato com membros das forças de segurança, já há algum tempo."
Há quatro anos, Lessik entrou no movimento "Ucrânia sem Kuchma", criado após o assassinato do jornalista oposicionista Georgi Gongadze.
O site do Pora mantém uma "crônica da revolução", atualizada a cada hora. Nele, pode-se pode ler: "é chegada a hora de libertar a Ucrânia", "a nação desperta", "nossas armas são o amor e a verdade" -a última frase lembra os slogans da chamada Revolução de Veludo de Praga, de 1989.
A Ucrânia, para esses jovens militantes, tem vocação européia. "A Rússia autoritária, como ela é hoje sob Putin, nós não queremos", disse Lessik. "Queremos considerá-la unicamente como parceira econômica. Se cedermos, a Rússia vai nos engolir."


Tradução de Clara Allain


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