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"Não queremos a Rússia de Putin"
NATALIE NOUGAYRÈDE
DO "LE MONDE", EM MOSCOU
Seu símbolo, de cor amarela-viva, é o desenho de um alvo para
arma de fogo, mas eles se dizem
contrários a qualquer violência.
Os jovens ucranianos do movimento estudantil Pora (é chegada
a hora) querem ser a ponta-de-lança da "revolução" na Ucrânia.
Segundo um de seus dirigentes,
Volodimir Lessik, encarregado
dos serviços de segurança e das
questões jurídicas do grupo, o Pora conta hoje com 300 mil membros e simpatizantes em todo o
país. Mas seu núcleo principal é
formado por 3.000 ativistas.
Eles são sobretudo estudantes,
muitos deles secundaristas, mas
também há veteranos da grande
greve universitária do final dos
anos 1980, um dos episódios-chave do processo de independência
da Ucrânia.
Nos meses que antecederam a
eleição presidencial, o Pora multiplicou suas ações em diversas regiões da Ucrânia. Dezenas de militantes foram presos. A repressão
policial, por sua vez, ajudou a mobilizar parte da juventude ucraniana em torno do movimento.
Vocação européia
"Trabalhamos em estreita colaboração com as equipes da OSCE
(Organização para a Segurança e
a Cooperação na Europa) e com
os deputados oposicionistas do
Parlamento", disse Lessik. "Também temos contato com membros das forças de segurança, já há
algum tempo."
Há quatro anos, Lessik entrou
no movimento "Ucrânia sem
Kuchma", criado após o assassinato do jornalista oposicionista
Georgi Gongadze.
O site do Pora mantém uma
"crônica da revolução", atualizada a cada hora. Nele, pode-se pode ler: "é chegada a hora de libertar a Ucrânia", "a nação desperta", "nossas armas são o amor e a
verdade" -a última frase lembra
os slogans da chamada Revolução
de Veludo de Praga, de 1989.
A Ucrânia, para esses jovens militantes, tem vocação européia. "A
Rússia autoritária, como ela é hoje
sob Putin, nós não queremos",
disse Lessik. "Queremos considerá-la unicamente como parceira
econômica. Se cedermos, a Rússia
vai nos engolir."
Tradução de Clara Allain
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