São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2004

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Leste ameaça buscar autonomia

DA REDAÇÃO

Membros da Assembléia Legislativa da região de Donetsk, no leste da Ucrânia, prometeram ontem pressionar por um referendo sobre a criação de uma república autônoma se o resultado oficial da eleição presidencial, que deu vitória a Viktor Yanukovich, mudar.
O candidato, apoiado pela Rússia e pelo presidente ucraniano, Leonid Kuchma, já foi governador da região de Donetsk, um dos centros industriais do país.
Os deputados querem uma república autônoma "leste-sul", junto com a região da Criméia, que já tem mais autonomia que as outras 26 regiões da Ucrânia.
"Se não tirarem as pessoas das praças de Kiev no sábado [hoje] e no domingo, devemos, de forma ordenada e constitucional, promover um referendo para determinar a formação deste país", disse o prefeito de Donetsk, Alexander Lukyanchenko.
A crise eleitoral pôs em evidência a divisão, que existe na Ucrânia há séculos, entre o leste russófono e o oeste ucranófono.
O leste, que gera a maior parte da riqueza da Ucrânia com suas indústrias química, de carvão e aço, rejeitou convocações pela oposição de uma greve geral. A Criméia, que já tem seu próprio Parlamento e governo, também é russófona e, nos anos 1990, já tentou adquirir total independência do governo central.
Para que um referendo seja realizado, são necessárias 3 milhões de assinaturas provenientes de dois terços das regiões, sendo que cada uma deve ter ao menos 100 mil assinaturas. O país tem cerca de 47 milhões de pessoas.

Criméia
A Criméia é uma região de grande importância geopolítica tanto para os ucranianos quanto para os russos. Após o fim da URSS, em 1991, a Ucrânia e a Rússia tiveram de negociar a divisão da frota soviética do mar Negro. Em 1995, os russos ganharam o direito de manter navios de guerra e um submarino em Sebastopol, no sul da Criméia, por 20 anos.
Em 1992, houve uma tentativa malsucedida de declarar a independência da região protagonizada pelo governo da Criméia, que era controlado por políticos de origem russa. Em 1994, o primeiro presidente (governador) eleito da Criméia, Iuri Meshkov, afirmou que queria que a região passasse a fazer parte da Rússia.
Em 1995, Meshkov foi deposto pelo governo central ucraniano, mas a Assembléia Legislativa foi mantida. Desde o fim da URSS, portanto, a região anseia por liberdade e busca uma maior aproximação com a Rússia. Isso desagrada à Ucrânia porque, entre outros pontos, a Criméia é a porta de saída para o mar Mediterrâneo.


Com agências internacionais


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