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Leste ameaça buscar autonomia
DA REDAÇÃO
Membros da Assembléia Legislativa da região de Donetsk, no
leste da Ucrânia, prometeram ontem pressionar por um referendo
sobre a criação de uma república
autônoma se o resultado oficial da
eleição presidencial, que deu vitória a Viktor Yanukovich, mudar.
O candidato, apoiado pela Rússia e pelo presidente ucraniano,
Leonid Kuchma, já foi governador da região de Donetsk, um dos
centros industriais do país.
Os deputados querem uma república autônoma "leste-sul",
junto com a região da Criméia,
que já tem mais autonomia que as
outras 26 regiões da Ucrânia.
"Se não tirarem as pessoas das
praças de Kiev no sábado [hoje] e
no domingo, devemos, de forma
ordenada e constitucional, promover um referendo para determinar a formação deste país", disse o prefeito de Donetsk, Alexander Lukyanchenko.
A crise eleitoral pôs em evidência a divisão, que existe na Ucrânia há séculos, entre o leste russófono e o oeste ucranófono.
O leste, que gera a maior parte
da riqueza da Ucrânia com suas
indústrias química, de carvão e
aço, rejeitou convocações pela
oposição de uma greve geral. A
Criméia, que já tem seu próprio
Parlamento e governo, também é
russófona e, nos anos 1990, já tentou adquirir total independência
do governo central.
Para que um referendo seja realizado, são necessárias 3 milhões
de assinaturas provenientes de
dois terços das regiões, sendo que
cada uma deve ter ao menos 100
mil assinaturas. O país tem cerca
de 47 milhões de pessoas.
Criméia
A Criméia é uma região de grande importância geopolítica tanto
para os ucranianos quanto para
os russos. Após o fim da URSS,
em 1991, a Ucrânia e a Rússia tiveram de negociar a divisão da frota
soviética do mar Negro. Em 1995,
os russos ganharam o direito de
manter navios de guerra e um
submarino em Sebastopol, no sul
da Criméia, por 20 anos.
Em 1992, houve uma tentativa
malsucedida de declarar a independência da região protagonizada pelo governo da Criméia, que
era controlado por políticos de
origem russa. Em 1994, o primeiro presidente (governador) eleito
da Criméia, Iuri Meshkov, afirmou que queria que a região passasse a fazer parte da Rússia.
Em 1995, Meshkov foi deposto
pelo governo central ucraniano,
mas a Assembléia Legislativa foi
mantida. Desde o fim da URSS,
portanto, a região anseia por liberdade e busca uma maior aproximação com a Rússia. Isso desagrada à Ucrânia porque, entre outros pontos, a Criméia é a porta de
saída para o mar Mediterrâneo.
Com agências internacionais
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