São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Preso em Israel, ele apoiará Mahmoud Abbas na sucessão de Arafat

Barghouti desiste de disputar a ANP

DA REDAÇÃO

O dirigente Marwan Barghouti, 45, anunciou ontem que não disputará com Mahmoud Abbas, 69, também conhecido como Abu Mazen, a sucessão de Iasser Arafat como presidente da Autoridade Nacional Palestina.
Barghouti foi condenado à prisão perpétua pela Justiça israelense por envolvimento em ataques terroristas. Em mensagem lida pelo ministro palestino Kadoura Fares, que o visitou na prisão da cidade de Beersheba, ele lançou apelo pela unidade palestina e disse apoiar a candidatura de Abbas.
A decisão deixou seus partidários indignados. Eles gritaram "traição!", enquanto sua mulher e sua filha adolescente, presentes à leitura da mensagem, em Ramallah, começaram a chorar.
O suspense sobre as intenções de Barghouti era mantido desde anteontem. Ele representa a geração mais jovem de palestinos que cresceu na Cisjordânia e em Gaza e se opõe aos "exilados", que tinham em Arafat e em Abbas seus principais representantes.
Pesquisas o indicavam, depois de Arafat, como o personagem mais popular em território palestino. Sua reputação cresceu, como líder do partido Fatah na Cisjordânia, ao comandar a partir de 2000 a segunda Intifada, levante contra a ocupação israelense dos territórios palestinos.
As Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, grupo terrorista não-islâmico que integra o organograma da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), designou-o em comunicado como seu líder, fato que ele na época negou.
Mazen, agora candidato sem adversários de peso nas eleições de 9 de janeiro, manobrou para esvaziar o grupo de Barghouti. Anunciou ontem que em agosto reunirá o congresso que renovará a direção do Fatah, a maior estrutura dentro da OLP.
Fares encontrou-se com Barghouti na condição de emissário de Abbas, que prometeu consultá-lo em toda questão importante.
Abbas se opõe à Intifada. Conta com simpatias implícitas de Israel, cujo papel é importante na logística eleitoral, já que Gaza e Cisjordânia permanecem sob seu controle militar. Abbas, chefe interino da OLP após a morte de Arafat, é também um nome relativamente confiável para os EUA.
Israel anunciou ontem que não criará obstáculos à eleição do novo presidente da ANP e que desativará barreiras que dificultarem a circulação de eleitores palestinos.


Com agências internacionais


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