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IRAQUE SOB TUTELA
Instituto americano mostra que força rebelde quadruplicou em seis meses, mas população está otimista
Sob fogo, insurgência cresce no Iraque
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
Apesar da intensificação dos
ataques americanos contra bastiões de resistência, a insurgência
iraquiana quadruplicou em seis
meses. O moral da população é
melhor do que era durante a ocupação oficial pelos EUA, encerrada no fim de junho. O dinheiro estrangeiro para a reconstrução está
sendo usado com maior rapidez.
Mas os problemas de segurança
continuam graves, e as melhorias
no país ocorrem em ritmo lento.
A avaliação está na mais recente
atualização do relatório "O Estado do Iraque", compilado por Michael O'Hanlon e Adriana Lins de
Albuquerque, do Instituto Brookings, em Washington. O documento, lançado ontem, apresenta
novos números e os compara
com a versão publicada em maio.
"Nosso levantamento não mostra muita melhora na qualidade
de vida dos iraquianos. Mesmo
com o desemprego aparentemente caindo, a economia não está
muito melhor do que estava sob
[o ex-ditador] Saddam Hussein",
escreveu O'Hanlon.
Apesar da recente operação militar em Fallujah -a maior ofensiva realizada desde a queda de
Saddam, em abril de 2003-, o
número estimado de rebeldes
passou de 5.000 em abril para 20
mil no mês passado, enquanto os
ataques contra a coalizão liderada
pelos EUA subiram de 1.800 para
2.400. Já o número de insurgentes
presos ou mortos em outubro foi
igual ao de abril: 2.000.
Mas a insurgência parece menos eficaz: as baixas militares
americanas caíram a menos da
metade -de 131 em abril para 63
em outubro-, e a de civis iraquianos mortos em decorrência
de ações de guerra diminuiu de
550 para 375. Os assassinatos de
iraquianos em Bagdá, no entanto,
cresceram de 300 para 400, o que
pode indicar que o combate ao
crime comum tenha sido deixado
em segundo plano. Já os ataques à
infra-estrutura petroleira passaram de 4 para 11.
Uma das críticas à gestão americana no Iraque foi o desmantelamento do Exército da época de
Saddam, que deu espaço para o
crescimento da violência no país.
Especialistas afirmam que, para
que os 138 mil soldados americanos e 24 mil de outros países deixem o Iraque, é preciso transferir
a segurança aos iraquianos.
Pois aumentou o número de
policiais e soldados iraquianos.
No mês passado, o contingente
havia mais que dobrado. Em abril
o Iraque contava com uma polícia
de 20 mil homens e um Exército
de 25 mil, em outubro já eram 45
mil policiais e 48 mil soldados.
Já outros aspectos da reconstrução do país avançam a passo lento. A taxa de desemprego em outubro foi de 30% a 40% da população economicamente ativa
-em abril de 2003, os iraquianos
desempregados eram 60%. O dinheiro estrangeiro empregado na
reconstrução passou de US$ 2 bilhões em abril para US$ 5 bilhões
em outubro. Mas os resultados do
aumento de gastos e de empregos
são poucos visíveis.
Em um país de 25 milhões de
habitantes, há apenas 1,8 milhão
de linhas telefônicas, e a produção
de energia elétrica cresceu, em
seis meses, apenas 7,8%.
A maioria dos iraquianos
-65%- ainda continua dizendo
que está otimista a respeito do futuro do país, e 85% deles pretendem votar nas eleições de janeiro.
Cerca de 45% da população apóia
o premiê interino ligado aos EUA,
Iyad Allawi -queda de 20 pontos
percentuais em seis meses.
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