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Para evitar crise, Brasil tutelará Unasul
Diplomatas do Itamaraty guiarão Guiana, nova presidente do bloco; entidade ainda não tem segurança jurídica
Presidente Lula pede desculpas a membros da Unasul pela lentidão do Brasil para assinar tratado que funda bloco
LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL
A GEORGETOWN (GUIANA)
Com receio de uma crise
que comprometa o futuro da
Unasul (União de Nações
Sul-Americanas), o Brasil,
numa iniciativa incomum,
será uma espécie de tutor da
Guiana quando o país exercer a presidência rotativa da
entidade, em 2011.
Dois diplomatas brasileiros serão enviados pelo governo para ficar sediados em
Georgetown, capital do país,
e "orientar" as atitudes do vizinho.
Na prática, o Itamaraty
controlará indiretamente a
entidade. A "ajuda" foi anunciada ontem pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, em
Georgetown, durante reunião de cúpula.
Ironicamente, um dos motivos principais para a fragilidade da entidade é o fato de o
Congresso do Brasil ainda
não ter ratificado o tratado de
criação da Unasul. Em razão
disso, o órgão ainda não existe formalmente.
Lula ontem pediu desculpas aos colegas presidentes
sul-americanos pelo atraso.
Com o envio dos diplomatas, o Brasil deve fortalecer
relações bilaterais com a
Guiana e aumentar o prestígio internacional do Itamaraty, segundo o ministro Breno Dias da Costa, que chefia a
missão na Guiana.
O pedido de ajuda foi feito
pela Guiana no final do ano
passado por meio de uma
carta ao governo brasileiro.
Com alto índice de pobreza e pouca capacidade institucional, a Guiana recebeu
ontem do Equador a presidência rotativa da Unasul.
Costa e o terceiro-secretário Thiago Fernandes trabalharão dentro da Chancelaria
guianense apoiando a vice-chanceler Elizabeth Harper.
O trabalho deles será organizar a parte operacional da
Unasul, principalmente promovendo a reunião da cúpula e organizando reuniões de
conselhos.
Segundo Costa, o Brasil foi
escolhido pela Guiana por
ser o maior parceiro do país
na América Latina.
LENTIDÃO
Se o Brasil tivesse aprovado o tratado fundador do bloco, a segurança jurídica da
Unasul estaria garantida, já
que 8 dos 12 países-membros
já o ratificaram. São necessárias 9 ratificações no mínimo.
"Peço desculpas porque o
Brasil, pelo que representa
na América do Sul, já deveria
ter aprovado", disse o presidente brasileiro. Lula foi um
dos principais articuladores
da criação da Unasul.
Ontem, ele afirmou que a
ratificação é uma questão de
tempo, e não ocorreu porque
não havia quorum na Câmara, já que os deputados não
reeleitos, segundo ele, "estão
chorando" e "os que ganharam não tomaram posse".
Diplomatas sul-americanos mostraram preocupação
com a entidade.
Além da dificuldade de se
estabelecer juridicamente e
dos problemas da Guiana, há
também a súbita morte, há
um mês, do ex-presidente argentino Néstor Kirchner, que
ocupava a Secretaria-Geral.
O novo nome não foi definido na cúpula que terminou
ontem. A definição ficou para uma reunião em 4 de dezembro, na Argentina.
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