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Rússia quer rever legado dos crimes de Stálin
Campanha de "desestalinização" é apoiada pelo presidente Medvedev
Objetivo é relembrar à população atrocidades do líder soviético; Duma aprova condenação a massacre de poloneses
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O presidente russo, Dmitri
Medvedev, lançará campanha de "desestalinização" da
Rússia, lembrando a população dos crimes cometidos pelo ditador soviético Josef Stálin, informou ontem o jornal
econômico "Vedomosti".
O papel de Stálin na história russa será o tema de uma
reunião, em janeiro, entre
Medvedev e membros do
Conselho de Direitos Humanos do Kremlin, indicaram
alguns convidados da reunião, citados pelo jornal.
De acordo com o "Vedomosti", o conselho elaborou
projeto de programa federal
que tem como objetivo homenagear as milhões de vítimas da repressão stalinista.
O projeto inclui a abertura
completa dos arquivos soviéticos, operações de busca de
pessoas mortas nos campos e
a instalação de monumentos
para lembrar as vítimas.
O conselho também pedirá
a Medvedev que "faça uma
abordagem política e jurídica
dos crimes do totalitarismo".
Stálin, ou Iosif Vissarionovich Dzhugashvili, nascido
em 1879 em Gori (Geórgia),
governou a União Soviética
de meados dos anos 1920 até
a sua morte, em 1953.
A era Stálin se caracterizou
por um regime de terror e pela morte ou envio de milhões
de pessoas aos gulags -os
campos de trabalho forçado.
A atitude em relação ao ex-ditador é ambígua na Rússia,
onde é percebido por muitos
como tirano.
Mas alguns o veem como
herói da vitória sobre os nazistas na Segunda Guerra.
A decisão pode ser interpretada como uma tentativa
de Medvedev de se distanciar
do seu antecessor e atual premiê, Vladimir Putin, que em
2005 qualificou a queda soviética de "tragédia, a maior
catástrofe do século 20".
Eleito há dois anos com o
apoio de Putin, Medvedev
possui direito à reeleição no
pleito de 2012, mas o premiê,
que presidiu a Rússia por oito
anos, não descarta a possibilidade de concorrer de novo.
MASSACRE
Também ontem, a câmara
baixa do Parlamento russo
(Duma) aprovou em primeiro
turno uma declaração que reconhece como "uma tragédia" ordenada pelo ex-líder
Stálin o massacre de milhares de oficiais poloneses em
1940 pela polícia secreta soviética (NKVD), em Katyn.
No episódio, que prejudicou por décadas as relações
entre Moscou e Varsóvia, cerca de 20 mil poloneses foram
mortos pela NKVD. A aprovação da declaração foi elogiada pelo governo da Polônia.
Neste ano, a Rússia já havia repassado à Polônia documentos relativos ao massacre. Durante muito tempo,
o governo russo atribuiu as
mortes à Alemanha nazista.
O presidente Medvedev
tem prevista para o próximo
mês visita oficial à Polônia.
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