São Paulo, sábado, 27 de novembro de 2010

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Rússia quer rever legado dos crimes de Stálin

Campanha de "desestalinização" é apoiada pelo presidente Medvedev

Objetivo é relembrar à população atrocidades do líder soviético; Duma aprova condenação a massacre de poloneses

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente russo, Dmitri Medvedev, lançará campanha de "desestalinização" da Rússia, lembrando a população dos crimes cometidos pelo ditador soviético Josef Stálin, informou ontem o jornal econômico "Vedomosti".
O papel de Stálin na história russa será o tema de uma reunião, em janeiro, entre Medvedev e membros do Conselho de Direitos Humanos do Kremlin, indicaram alguns convidados da reunião, citados pelo jornal.
De acordo com o "Vedomosti", o conselho elaborou projeto de programa federal que tem como objetivo homenagear as milhões de vítimas da repressão stalinista.
O projeto inclui a abertura completa dos arquivos soviéticos, operações de busca de pessoas mortas nos campos e a instalação de monumentos para lembrar as vítimas.
O conselho também pedirá a Medvedev que "faça uma abordagem política e jurídica dos crimes do totalitarismo".
Stálin, ou Iosif Vissarionovich Dzhugashvili, nascido em 1879 em Gori (Geórgia), governou a União Soviética de meados dos anos 1920 até a sua morte, em 1953.
A era Stálin se caracterizou por um regime de terror e pela morte ou envio de milhões de pessoas aos gulags -os campos de trabalho forçado.
A atitude em relação ao ex-ditador é ambígua na Rússia, onde é percebido por muitos como tirano.
Mas alguns o veem como herói da vitória sobre os nazistas na Segunda Guerra.
A decisão pode ser interpretada como uma tentativa de Medvedev de se distanciar do seu antecessor e atual premiê, Vladimir Putin, que em 2005 qualificou a queda soviética de "tragédia, a maior catástrofe do século 20".
Eleito há dois anos com o apoio de Putin, Medvedev possui direito à reeleição no pleito de 2012, mas o premiê, que presidiu a Rússia por oito anos, não descarta a possibilidade de concorrer de novo.

MASSACRE
Também ontem, a câmara baixa do Parlamento russo (Duma) aprovou em primeiro turno uma declaração que reconhece como "uma tragédia" ordenada pelo ex-líder Stálin o massacre de milhares de oficiais poloneses em 1940 pela polícia secreta soviética (NKVD), em Katyn.
No episódio, que prejudicou por décadas as relações entre Moscou e Varsóvia, cerca de 20 mil poloneses foram mortos pela NKVD. A aprovação da declaração foi elogiada pelo governo da Polônia.
Neste ano, a Rússia já havia repassado à Polônia documentos relativos ao massacre. Durante muito tempo, o governo russo atribuiu as mortes à Alemanha nazista.
O presidente Medvedev tem prevista para o próximo mês visita oficial à Polônia.


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