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Médico espanhol afirma que Fidel não tem câncer
José Luis García Sabrido diz que ditador está em recuperação "lenta, mas progressiva"
Cirurgião prestigiado na Espanha foi a Cuba a convite do governo; apuração e rumores dão conta de que tumor de cubano é maligno
Bernat Armangue/Associated Press
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O cirurgião García Sabrido dá entrevista coletiva em Madri |
DA REDAÇÃO
O médico espanhol José Luis
García Sabrido, que viajou a
Cuba na semana passada para
examinar o ditador Fidel Castro, afirmou que o cubano "não
tem nenhuma doença maligna"
e desmentiu que ele tenha câncer em uma entrevista coletiva
ontem em Madri.
O ditador cubano está "em
um processo de recuperação
lento, mas progressivo", acrescentou García Sabrido, especialista em tumores digestivos e
chefe de cirurgia do hospital
público madrileno Gregorio
Marañón, um dos melhores da
Espanha.
Fidel está internado desde o
final de julho, quando se submeteu a uma cirurgia no intestino. Ele delegou o poder ao irmão, Raúl Castro, e fez raras
aparições em fotos e vídeos -a
última, em 28 de outubro.
A inexistência de imagens e,
principalmente, sua ausência
na comemoração dos seus 80
anos, celebrada no início deste
mês, levantaram todo tipo de
especulações em Cuba.
A comemoração havia sido
adiada em quatro meses (seu
aniversário foi em agosto), para
que houvesse tempo para Fidel
se recuperar e receber 1.800
convidados estrangeiros.
Mas nem sequer uma foto ou
vídeo do ditador foi apresentada na celebração.
Na entrevista coletiva que
concedeu ao retornar de Cuba,
o médico García Sabrido também falou que Fidel sofreu "um
processo benigno com uma série de complicações". Ele descartou a necessidade de uma
nova cirurgia.
O espanhol argumentou que,
pela confidencialidade profissional, não poderia dar informações mais precisas sobre a
doença do ditador cubano.
"Ele fala diariamente que
quer voltar ao trabalho, mas os
médicos não o deixam", disse
García Sabrido, admirado com
a "atividade intelectual excelente e fantástica" de Fidel.
Boatos divergem
As declarações do médico
contrastam com os inúmeros
boatos na ilha de que Fidel já
estaria até inconsciente.
Também causou estranheza
que Fidel não tivesse ligado para felicitar seu aliado venezuelano Hugo Chávez quando ele
se reelegeu presidente no dia 3.
Houve apenas uma mensagem
escrita, 36 horas após a confirmação da vitória de Chávez.
Em agosto, reportagem da
Folha apurou que autoridades
cubanas disseram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a
membros da cúpula do PT que
o estado de saúde de Fidel era
pior que o divulgado e que ele
tinha um tumor maligno no abdômen. "Parece que vamos
perder nosso amigo", disse então Lula a um auxiliar.
Relatórios da inteligência
americana e reportagens do
jornal britânico "The Independent" e da revista americana
"Time" também disseram nas
últimas semanas que Fidel estava em "fase terminal".
Como nos últimos meses, os
jornais oficiais do regime,
Granma e Juventud Rebelde,
ignoravam ontem a entrevista
coletiva do cirurgião espanhol
em suas páginas na internet.
O hermetismo informativo
em Cuba foi justificado pelo
próprio Fidel, ainda em agosto,
em nota atribuída a ele: O estado de saúde é segredo de Estado, pela "necessidade de se proteger do inimigo externo (os
EUA)", afirmou então.
"Sou médico e me entrego a
minha profissão. Fidel Castro é
um paciente excepcional, mas,
no fim das contas, é só um paciente", disse García Sabrido.
O espanhol também explicou
que tem uma antiga relação
com Cuba. "Tenho contato com
cientistas, acadêmicos e com
círculos do governo de Cuba há
muito tempo", afirmou.
García Sabrido descartou
voltar em breve para Cuba, mas
disse que provavelmente irá
voltar "nos próximos meses".
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