São Paulo, domingo, 27 de dezembro de 2009 |
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FBI indicia nigeriano por ataque a avião
Umar Farouk Abdulmutallab é filho de um banqueiro africano e constava de lista de suspeitos do governo americano
SÉRGIO DÁVILA DE WASHINGTON Umar Farouk Abdulmutallab, 23, indiciado pelo FBI sob a acusação de tentar destruir um avião americano, é filho de um ex-presidente de banco, que avisou autoridades americanas das ligações do nigeriano com extremistas islâmicos. Ele constava de uma lista de suspeitos do governo dos EUA e pode ter agido a mando de grupos radicais no Iêmen. O incidente ocorreu anteontem, quando um voo da companhia Delta-Northwest Airlines se preparava para aterrissar em Detroit, no Estado de Michigan, proveniente de Amsterdã, na Holanda. Além do acusado, duas pessoas ficaram levemente feridas. De acordo com o relatório da polícia federal, Abdulmutallab tentou acionar um artefato contendo um alto explosivo, que trazia amarrado ao corpo, o que iniciou um incêndio e pequenas explosões e levou a passageiros e depois a tripulação a imobilizar o homem. Se condenado, pode pegar pena de até 20 anos. Segundo investigação preliminar do FBI, o artefato continha tetranitrato de pentaeritritol, também conhecido como pentrita, um poderoso explosivo, e foram achados pedaços de seringa perto no assento que ele ocupava no avião. Passageiros relataram ao FBI que, antes do incidente, Abdulmutallab foi ao banheiro por 20 minutos, voltou a sentar-se e se cobriu com um cobertor, dizendo que estava passando mal. Foi então que começaram os ruídos similares a fogos de artifício e o fogo na perna do acusado. O primeiro a imobilizá-lo foi o diretor holandês de vídeo Jasper Schuringa, que passou o dia dando entrevista às TVs dos EUA. O voo 253 da Delta-Northwest transportava 278 passageiros e 11 tripulantes. Na Nigéria, o rico banqueiro Alhaji Umaru Mutallab disse que havia avisado semanas antes do incidente a autoridades norte-americanas que suspeitava que seu filho estivesse ligado a extremistas islâmicos. Ex-estudante universitário em Londres, ele deixou o Reino Unido para viajar e poderia ter ido ao Iêmen, segundo o pai. De acordo com o representante (deputado federal) republicano Peter King, da comissão de Segurança Doméstica, ele constava desde o dia 23 de novembro de uma lista de suspeitos do Departamento de Estado, embora seu nome não estivesse na lista de pessoas proibidas de voar para os EUA. Segundo policiais, o suspeito disse que agia seguindo ordens da Al Qaeda no Iêmen. A organização vem ampliando sua presença nesse país do Oriente Médio, que o governo de Barack Obama teme ser o novo porto seguro para os terroristas na região. O atentado seria retaliação ao fato de o governo iemenita ter aceitado ajuda americana para combater extremistas islâmicos. Outras autoridades envolvidas no caso, no entanto, alertaram para a possibilidade de o suspeito ter agido por conta própria e estar tentando valorizar seu perfil ao mencionar laços com o grupo radical. Ontem, Barack Obama participou de nova teleconferência sobre o caso com assessores a partir do Havaí, onde passa férias de fim de ano. Segundo o porta-voz interino Bill Burton, ele falou às 6h20 locais (14h20 de Brasília) com John Brennan, seu czar antiterrorismo, e Denis McDonough, do Conselho de Segurança Nacional. "Ele recebeu uma atualização das medidas de segurança adicionais sendo tomadas em viagens aéreas para manter o povo americano em segurança", disse Burton. "O presidente continuará monitorando ativamente a situação." Em Londres, a Scotland Yard fazia buscas relacionadas ao caso no centro de Londres, em busca de detalhes de sua estada. A Universidade de Londres divulgou nota dizendo que um estudante com o mesmo nome do suspeito cursou engenharia mecânica ali de setembro de 2005 a junho de 2008. Na Holanda, equipes antiterrorismo investigavam a procedência do nigeriano e os controles de segurança aos quais ele foi submetido. Com agências internacionais
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