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Obama terá batalha para avançar agenda legislativa em 2010
Presidente tentará manter a supermaioria parlamentar em eleições de novembro para aprovar reformas
DE WASHINGTON
Assim que fez seu discurso
celebrando a passagem da reforma da saúde pública no Senado, na quinta-feira, o presidente Barack Obama telefonou
para soldados que lutam em
ambas as guerras que os EUA
iniciaram para desejar boas festas, como é tradição. Então, pegou a família e embarcou para
Honolulu, no Havaí, de onde só
volta no dia 3 de janeiro.
O democrata sabe o que o espera em 2010: o desafio de
manter o controle de ambas as
Casas do Congresso, com o qual
ele conta para implantar o que
falta de seu programa de governo, fortemente baseado em reformas que dependem do Legislativo para avançar. Ambas
estarão em jogo nas eleições da
metade do mandato.
Acontecem em 2 de novembro e põem em disputa todas as
435 vagas da Câmara dos Representantes (deputados federais) e 36 das 100 cadeiras do
Senado. Hoje, os democratas
têm 257 representantes na primeira e 58 no segundo, mais
dois senadores que fecham
com o governo em questões importantes, o que lhes dá a tal
"supermaioria", à prova de obstrução republicana.
Foi com essa supermaioria
que o líder democrata, Harry
Reid, conseguiu avançar uma
reforma tão polêmica como a
da saúde. Por 25 dias seguidos,
ele usou a arma dos 60 votos
para assegurar que a votação final ocorresse antes do recesso.
Os democratas sabem que, se
as condições econômicas não
melhorarem, principalmente
se o índice de desemprego não
começar a cair, é pouco provável que eles mantenham a vantagem atual. Dos que já declararam que vão concorrer à Câmara em novembro, 49 democratas são de distritos em que Obama perdeu para John McCain
nas eleições presidenciais de
2008. Os republicanos precisam ganhar 41 cadeiras para
controlar a Câmara.
A história também não favorece o partido da situação: com
exceção do republicano George
W. Bush em 2002, que estava
no auge da popularidade após o
11 de Setembro, todos os presidentes em primeiro mandato
perderam cadeiras no Congresso desde 1974.
O caso mais emblemático da
virada legislativa atrapalhando
a vida do Executivo é o de Bill
Clinton em 1994. Naquele ano,
o democrata perdeu o controle
do Congresso e deu chance para um renascimento republicano que culminaria na vitória de
Bush e dos neocons em 2000.
É por isso que Obama planeja
fazer de 2010 o ano da agenda
doméstica, com as guerras e as
aberturas de política externa
que iniciou em 2009 ficando
em segundo plano.
Obama tem menos de nove
meses para manter o crescimento da economia, ainda que
nos índices tímidos atuais, e para iniciar a queda do desemprego, hoje em 10%. Assim que pisar em Washington, em janeiro, anunciará as primeiras
ações da força-tarefa contra o
desemprego que criou no começo do último mês de 2009.
Outra preocupação é a popularidade do presidente, que baixou dos 50% em novembro. "É
muito provável que as eleições
de 2010 sejam encaradas como
plebiscitárias", disse Peter
Brown, do instituto de pesquisa
da Universidade Quinnipiac, de
Nova York. "Obama não estará
nas cédulas, mas seu partido e
muitos dos que o apoiaram estarão."
Embora tenha minimizado o
episódio, a Casa Branca se assustou com os resultados das
duas eleições para governo estadual ocorridas em 2009, em
Virgínia e Nova Jersey: em ambas, republicanos bateram democratas. Em 2009, outros 37
Estados realizarão eleições;
desses, o partido de Obama está
no governo de 20.
"A derrota republicana de
2008 está cada vez mais no passado", disse o analista conservador Michael Barone. Por seus
cálculos, a oposição tem chances de ganhar até cinco cadeiras
no Senado em novembro.
(SD)
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