São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 2007

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Milhares protestam contra a guerra na capital americana

A estrela foi a atriz e ativista política Jane Fonda, que não participava de eventos assim desde o conflito do Vietnã

Passeata em Washington, que teve a presença de Sean Penn, provocou uma contramanifestação de militares e seus familiares

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Mais de vinte entidades não-governamentais de diversos setores conseguiram juntar "dezenas de milhares" de manifestantes, segundo cálculo dos organizadores, para protestar contra a Guerra do Iraque ontem, em Washington. Discursaram congressistas de oposição, ativistas políticos e atores que são ativistas. Entre os últimos, destacava-se Jane Fonda.
A atriz de 69 anos, que ganhou fama no começo dos anos 70 por sua crítica pública e contundente à Guerra do Vietnã, chegou a ser perseguida em seu próprio país ao ver divulgada foto em que aparecia junto de armas e soldados do então Vietnã do Norte. Pois "Hanói Jane", apelido que ganhou à época, reapareceu num evento do tipo pela primeira vez em 34 anos.
Em 2005, ela havia anunciado uma turnê pelos Estados Unidos contra a guerra. Diante da reação apaixonada que despertou então, principalmente entre os conservadores, acabou desistindo. Em entrevista à Folha em junho, Fonda se justificaria: "Percebi que [a turnê] atrapalharia meus outros projetos". Na tarde de ontem, seu discurso era diferente: "O silêncio não é mais uma opção".
Os manifestantes se encontraram no Mall, passeio que liga o monumento a George Washington ao Capitólio e é tradicional ponto de protestos da capital norte-americana. De lá, seguiram em passeata até a sede do poder legislativo americano cantando gritos de guerra como "Aqui é uma democracia, pode ir se acostumando".
"O governo não enxerga a realidade nos campos de batalha e não pensa em nossa estratégia para reconstruir um país que destruímos", discursou Fonda, depois de comparar os dois conflitos, do Iraque e do Vietnã. Além dela falaram Sean Penn e o casal Susan Sarandon e Tim Robbins, entre outros.
A manifestação atraiu ainda uma contramanifestação, barulhenta, mas em menor número. Eram cerca de 40 pessoas, a maioria militares ou seus familiares."Os manifestantes deveriam se lembrar do sacrifício que fizemos e o que nossos companheiros que não conseguiram sobreviver diriam se estivessem aqui", afirmou Joshua Sparling, 25, do Exército, que perdeu uma perna em 2005, em Ramadi, no Iraque.


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