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Milhares protestam contra a guerra na capital americana
A estrela foi a atriz e ativista política Jane Fonda, que não participava de eventos assim desde o conflito do Vietnã
Passeata em Washington, que teve a presença de Sean Penn, provocou uma contramanifestação de militares e seus familiares
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Mais de vinte entidades não-governamentais de diversos setores conseguiram juntar "dezenas de milhares" de manifestantes, segundo cálculo dos organizadores, para protestar
contra a Guerra do Iraque ontem, em Washington. Discursaram congressistas de oposição, ativistas políticos e atores
que são ativistas. Entre os últimos, destacava-se Jane Fonda.
A atriz de 69 anos, que ganhou fama no começo dos anos
70 por sua crítica pública e contundente à Guerra do Vietnã,
chegou a ser perseguida em seu
próprio país ao ver divulgada
foto em que aparecia junto de
armas e soldados do então Vietnã do Norte. Pois "Hanói Jane",
apelido que ganhou à época,
reapareceu num evento do tipo
pela primeira vez em 34 anos.
Em 2005, ela havia anunciado uma turnê pelos Estados
Unidos contra a guerra. Diante
da reação apaixonada que despertou então, principalmente
entre os conservadores, acabou
desistindo. Em entrevista à Folha em junho, Fonda se justificaria: "Percebi que [a turnê]
atrapalharia meus outros projetos". Na tarde de ontem, seu
discurso era diferente: "O silêncio não é mais uma opção".
Os manifestantes se encontraram no Mall, passeio que liga
o monumento a George Washington ao Capitólio e é tradicional ponto de protestos da capital norte-americana. De lá,
seguiram em passeata até a sede do poder legislativo americano cantando gritos de guerra
como "Aqui é uma democracia,
pode ir se acostumando".
"O governo não enxerga a
realidade nos campos de batalha e não pensa em nossa estratégia para reconstruir um país
que destruímos", discursou
Fonda, depois de comparar os
dois conflitos, do Iraque e do
Vietnã. Além dela falaram Sean
Penn e o casal Susan Sarandon
e Tim Robbins, entre outros.
A manifestação atraiu ainda
uma contramanifestação, barulhenta, mas em menor número. Eram cerca de 40 pessoas, a maioria militares ou
seus familiares."Os manifestantes deveriam se lembrar do
sacrifício que fizemos e o que
nossos companheiros que não
conseguiram sobreviver diriam
se estivessem aqui", afirmou
Joshua Sparling, 25, do Exército, que perdeu uma perna em
2005, em Ramadi, no Iraque.
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