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Não é hora de rever posição, diz Amorim
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O Brasil não vai rever
sua posição e reconhecer o
novo governo em Honduras apenas com base nos
desdobramentos de ontem, disse o chanceler Celso Amorim. "No momento
não há o que mudar", afirmou em Genebra.
Para Amorim, a posse de
Porfirio Lobo sem que o
presidente golpista Roberto Micheletti lhe passasse
a faixa, a aprovação da
anistia pelo Congresso
hondurenho e a saída do
ex-presidente Manuel Zelaya da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa sem
risco de ser preso representam "melhoras". E se
devem, defende ele, ao fato de o Brasil ter abrigado
o líder deposto.
"Tudo isso só aconteceu
porque o Zelaya esteve na
nossa embaixada. Se não,
não ia ter, o Micheletti ia
ficar lá até o último dia",
afirmou. "Se você me pergunta se eu estou satisfeito
com como as coisas se passaram, não, mas é melhor
do que o que provavelmente teria ocorrido? É."
Indagado se os fatos não
bastavam por si sós para
uma reavaliação, negou.
"Não tem por si só na vida
real e na política. Não fizemos uma [nova] lista de
condições. A lista é a feita
antes, o Zelaya voltar antes da eleição, não voltou."
Amorim não descartou,
no entanto, a possibilidade de reavaliar a decisão
de não reconhecer o governo. Mas disse que ela
dependerá de acontecimentos futuros e do reequilíbrio de forças no país.
"O futuro é o futuro. Vamos ver como o presidente que tomou posse vai tratar com as forças políticas,
como é que ele vai agir.
Não há pressa."
O ministro manteve as
críticas ao processo eleitoral no país, que ocorreu
sob o governo de fato de
Micheletti. "Acho que [os
desdobramentos desta semana] foram um passo na
direção boa. Não digo nem
certa, mas boa, melhorou.
Isso vai mudar a opinião
da gente em relação ao
processo eleitoral? Não."
Um dos focos de atenção
do Itamaraty e do Palácio
do Planalto será a posição
dos países da região. Ele
citou nominalmente Guatemala, República Dominicana, El Salvador -todos reconheceram Lobo.
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