São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 2011 |
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Oposição se articula para protestos hoje no Egito Mohamed ElBaradei, ex-diretor da agência atômica da ONU, retorna ao país Ditadura de Mubarak classifica descontentes como uma "minoria'; islâmicos aderem a onda de manifestações DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS Os protestos de rua no Egito levaram a oposição ao ditador Hosni Mubarak, historicamente frágil e dividida, a se articular pela primeira vez. Grupos seculares e islâmicos planejam para hoje manifestações contra Mubarak, 82, no poder desde 1981. Há a expectativa de que elas superem as realizadas na última terça-feira, apesar da recente proibição de atos públicos. A ação dos oposicionistas foi reforçada ontem pelo retorno ao país de Mohamed ElBaradei, ex-chefe da AIEA (agência nuclear das Nações Unidas) e premiado com o Nobel da Paz em 2005. ElBaradei, que prometeu participar da manifestação de hoje, afirmou que Mubarak "já serviu o Egito por 30 anos" e, agora, tem de se afastar do poder. Ele também se disse pronto para liderar a transição para um novo regime, "se o povo quiser assim". Banida pelo governo egípcio, a Irmandade Muçulmana, maior grupo oposicionista do país, também deu seu apoio aos atos de hoje. Em seu site na internet, o movimento pediu que os protestos sejam pacíficos e reivindicou a suspensão de leis de emergência vigentes desde a ascensão do ditador ao poder. Às sextas, milhões de pessoas em todo o Egito vão às mesquitas para fazer orações. A intenção da oposição é aproveitar esse contingente para engrossar os protestos. DISCURSO OFICIAL O Partido Nacional Democrático, sigla de Mubarak, tentou minimizar as demonstrações de desagrado com o governo classificando os manifestantes como "minoria". Na primeira entrevista coletiva de um governista desde terça, o secretário-geral do partido, Safwat El-Sherif, disse estar "pronto para o diálogo". Segundo ele, no entanto, "a democracia tem suas regras e seu processo, e a minoria não pode forçar sua vontade sobre a maioria". Mubarak, que não foi visto em público nesta semana, ainda não disse se pretende concorrer em 2011 a mais um mandato de seis anos -as eleições no país são notoriamente vistas como fraudadas. Ele nunca indicou um substituto, e há rumores de que esteja preparando seu filho Gamal para a sucessão. De acordo com despachos diplomáticos dos EUA que foram vazados para o site WikiLeaks, a ideia de transmissão hereditária do poder não é vista com bons olhos pela elite militar egípcia. Na noite de ontem, redes sociais como Facebook e Twitter e o serviço de troca de mensagens via BlackBerry foram interrompidos. Há suspeita de que o governo esteja tentando prejudicar a organização do protesto de hoje. PROTESTOS DE ONTEM Foram registrados episódios de violência fora da capital, o Cairo. Em Suez, um quartel dos bombeiros foi depredado e incendiado; houve também ataques a postos policiais e prédios do governo. No país todo, de terça até ontem, estima-se que cerca de mil pessoas tenham sido detidas devido aos protestos. Próximo Texto: Para EUA, líder do país é um parceiro e aliado Índice | Comunicar Erros |
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