São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

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ANÁLISE

Vizinhança em turbulência reaviva o fantasma do isolamento de Israel

CRISPIAN BALMER
DA REUTERS, EM JERUSALÉM

Israel está sentada, intranquila, no olho de um furacão, enquanto incerteza e turbulência se espalham entre seus vizinhos árabes.
A turbulência política no Líbano fortaleceu o inimigo israelense Hizbollah, apoiado pelo Irã, e o vazamento de documentos delicados prejudicou a liderança da Autoridade Nacional Palestina nas tentativas frustradas de paz.
Agora as atenções se voltam ao sul, onde o aliado árabe de mais longa data de Israel, o Egito, vem sendo sacudido por protestos antigoverno em todo o país.
Enquanto a reviravolta no Líbano vem causando preocupação, o medo de conflitos sérios no Egito fez soar os alarmes.
"A instabilidade no Egito transforma dramaticamente o ambiente estratégico de Israel", disse Gidi Grinstein, fundador do "think tank" Instituto Reut.
O Egito, que divide com Israel uma longa fronteira desértica, é de longe seu parceiro mais importante no Oriente Médio, atuando como facilitador nas intermináveis negociações de paz e, até agora, como rocha de estabilidade em uma região turbulenta.
Reservadamente, autoridades israelenses dizem não acreditar que o ditador Hosni Mubarak seja derrubado pelos protestos. Mas, se ele cair, não há garantia de que seu sucessor continue a cuidar das relações com Israel.
A principal força oposicionista no país, a Irmandade Muçulmana, já declarou que, se assumisse o poder, submeteria os acordos de Camp David (1978) a referendo.
"Se Mubarak for deposto, Israel ficará totalmente isolado na região", disse Alon Liel, ex-diretor-geral da Chancelaria israelense.
"Isso não representaria uma ameaça a sua segurança, mas seria um golpe político que viria somar-se a nosso isolamento internacional crescente, além de representar um golpe psicológico para o público israelense."

VENTOS DA MUDANÇA
Os poucos ministros israelenses que já falaram publicamente sobre a situação se negaram a fazer especulações sobre o futuro de Mubarak e buscaram desviar as atenções de volta ao Líbano. "A enorme incerteza na região significa que este não é o momento para levar adiante iniciativas amplas de paz", opinou Oded Eran, diretor do Instituto Israelense de Estudos de Segurança Nacional.
"Está claro que os ventos da mudança estão soprando", acrescentou.

Tradução de CLARA ALLAIN


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