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São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Guerra continua a dividir Conselho de Segurança; EUA rejeitam solução de compromisso, segundo diplomatas

Tensão marca 1º dia de debate na ONU

DA REDAÇÃO

A primeira reunião do Conselho de Segurança da ONU (CS) para debater o projeto de resolução que poderá abrir caminho para uma guerra no Iraque, apresentado por EUA, Reino Unido e Espanha, acabou ontem após graves disputas. Os 15 membros do CS não conseguiram entrar em acordo nem sobre temas simples, como a data da apresentação do novo relatório sobre as inspeções das armas iraquianas.
O CS está dividido entre os países que apóiam a posição americana e os que são contrários a ela, liderados pela França. Num esforço para convencer os membros do CS a não apoiar o projeto dos EUA, a França, a Alemanha e a Rússia defenderam propostas que permitiriam a permanência dos inspetores da ONU no Iraque.
Nenhuma votação sobre o tema deverá ocorrer nos próximos dez dias, segundo especialistas. De acordo com diplomatas, o ambiente das discussões no CS foi "bastante pesado", pois os EUA se recusaram a aceitar propostas que pudessem abrir caminho para o consenso.
Todas as atenções e os frenéticos esforços diplomáticos estão voltados para os seis países que ainda não definiram claramente sua posição sobre o assunto -México, Chile, Paquistão, Angola, Camarões e Guiné. Especula-se que o México deva alinhar-se aos EUA, pois o presidente Vicente Fox teria dito, anteontem, que o interesse-chave da política externa de seu país é manter boas relações com o vizinho.
O México e o Chile criticaram os membros permanentes do CS (EUA, Reino Unido, China, França e Rússia), dizendo que eles deveriam chegar a um acordo antes do início do debate na ONU.
O presidente dos EUA, George W. Bush, e seu colega russo, Vladimir Putin, concordaram em trabalhar em conjunto na busca de uma solução para a crise iraquiana, levando em conta "os interesses da comunidade internacional", de acordo com Moscou.
A Rússia ainda se opõe à segunda resolução sobre o Iraque, mas poderá abster-se durante a votação em vez de fazer uso de seu poder de veto. Serguei Lavrov, embaixador da Rússia na ONU, recusou-se a tecer comentários sobre o acordo entre Putin e Bush.
Por outro lado, num comunicado conjunto, a Rússia e a China rejeitaram os esforços americanos para conseguir a anuência da ONU à guerra, afirmando que o conflito contra o Iraque "pode e deve ser evitado". "Os dois lados reiteram sua determinação de tentar fazer o máximo para chegar a uma solução política para a questão iraquiana e pensam que a guerra pode e deve ser evitada", diz o comunicado russo-chinês.
Para aprovar uma resolução no CS são necessários nove dos 15 votos, contanto que nenhum dos cinco membros permanentes apresente um veto. A estratégia dos EUA parece ser buscar os nove votos e obrigar franceses, chineses ou russos a ter de vetar o projeto e a assumir a responsabilidade pela falta de consenso.
A França busca impedir que os EUA obtenham os nove votos no CS. Afinal, com isso, ela não teria de tomar nenhuma decisão sobre a possibilidade de vetar a iniciativa americana na ONU, o que, segundo especialistas, seria muito malvisto pelo governo dos EUA.
O premiê britânico, Tony Blair, reuniu-se com seu colega espanhol, José María Aznar. Já Aznar se reuniu com o papa João Paulo 2º para discutir a crise iraquiana. O Vaticano opõe-se à guerra.


Com agências internacionais


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