|
Próximo Texto | Índice
Cheney escapa de ataque no Afeganistão
Vice-presidente dos EUA estava alojado numa base militar quando um homem-bomba se explodiu diante do complexo
A milícia radical islâmica Taleban reivindicou a ação, afirmando ter como alvo o "falcão" de Bush; ao menos 14 pessoas morreram
DA REDAÇÃO
Uma base americana na cidade afegã de Bagram foi alvo ontem de um atentado, quando o
vice-presidente dos EUA, Dick
Cheney, estava no local.
Apesar de Cheney não haver
se ferido, o ataque fez vítimas.
As agências de notícias não
chegaram a um consenso sobre
o número de mortos. Segundo a
Reuters, foram 14; a Associated
Press contou ao menos 23. Os
feridos são pelo menos 20.
Quando o homem-bomba se
explodiu diante da entrada
principal da base, na manhã da
terça-feira, Cheney estava nos
aposentos onde passara a noite,
distante do local do ataque.
O vice-presidente dos EUA
diz ter ouvido apenas um barulho alto; logo depois agentes de
segurança que o acompanham
na viagem ao Afeganistão entraram no seu quarto e o levaram a um abrigo antibomba.
"Quando a coisa se acalmou e
eles tiveram uma idéia melhor
do que estava ocorrendo, voltei
para o meu quarto", disse Cheney, um dos maiores "falcões"
do governo Bush, grupo de neoconservadores que defende a
política externa militarista.
Entusiasta e defensor da resposta militar no Afeganistão
aos atentados do 11 de Setembro, Cheney já foi "acusado"
pelo jornal britânico "Guardian" de ser o pai da idéia de enviar mais tropas americanas
para o Iraque; idéia essa que está sendo posta em prática.
Taleban
Pouco após a explosão, o Taleban assumiu a autoria do
atentado, afirmando que seu alvo era mesmo Dick Cheney.
"Nós sabíamos que Cheney
estaria na base", disse à agência
de notícias Associated Press
um suposto porta-voz do Taleban, Qari Youssef Ahmadi.
Embora os militares americanos não tenham confirmado
a veracidade da reivindicação, o
ataque em Bagram os preocupa. Isso ocorre tanto pelo fato
de a viagem de Cheney ter seu
itinerário mantido sob sigilo o
máximo de tempo possível
quanto pelo de o pernoite do vice-presidente na base não estar
nos planos -uma nevasca na
noite de segunda-feira impediu
que seu avião deixasse Bagram
com destino à capital, Cabul.
Segundo o jornal americano
"New York Times", o Taleban
não tem presença forte na região onde está a base de Bagram, e ataques desse tipo a
áreas de segurança reforçada
costumam necessitar de preparação e planejamento prévios.
"Nossos procedimentos de
segurança estavam em ordem,
e o assassino nunca chegaria ao
interior da base", afirmou o tenente-coronel James E. Bonner, do Exército dos EUA.
Havia ainda mais dois portões vigiados separando o alojamento de Cheney do local da
explosão.
Tony Snow, porta-voz da Casa Branca, afirmou que investigações estão sendo conduzidas
a fim de descobrir como um homem-bomba conseguiu chegar
tão perto do vice-presidente. Já
Dick Cheney afirmou que o Taleban "está tentando descobrir
meios de abalar a autoridade do
governo central [afegão]". "Mas
isso não nos afetará."
Cheney seguiu viagem a Cabul, onde se encontrou com o
presidente do Afeganistão, Hamid Karzai. Na pauta de discussão, os esforços do governo afegão para combater o Taleban.
Cheney havia passado antes
pelo Paquistão, onde se reunira
com o presidente do país para
pedir empenho na perseguição
a membros da Al Qaeda que se
escondem lá.
Segundo testemunhas do
atentado, a explosão atingiu
soldados americanos e pessoas
que aguardavam autorização
para entrar na base, entre eles
caminhoneiros afegãos, além
de um soldado da Coréia do Sul,
que integra a missão da Otan
(aliança militar ocidental) no
Afeganistão.
Na base de Bagram estão lotados 5.100 soldados americanos e mais 4.000 pessoas, entre
militares de outros países e trabalhadores. Construída pela
extinta União Soviética quando
invadiu o Afeganistão, a base já
foi usada pelos EUA como prisão para membros do Taleban e
supostos terroristas no país.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Saiba mais: Taleban se beneficia de governo fraco Índice
|