São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

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Cheney escapa de ataque no Afeganistão

Vice-presidente dos EUA estava alojado numa base militar quando um homem-bomba se explodiu diante do complexo

A milícia radical islâmica Taleban reivindicou a ação, afirmando ter como alvo o "falcão" de Bush; ao menos 14 pessoas morreram

DA REDAÇÃO

Uma base americana na cidade afegã de Bagram foi alvo ontem de um atentado, quando o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, estava no local.
Apesar de Cheney não haver se ferido, o ataque fez vítimas. As agências de notícias não chegaram a um consenso sobre o número de mortos. Segundo a Reuters, foram 14; a Associated Press contou ao menos 23. Os feridos são pelo menos 20.
Quando o homem-bomba se explodiu diante da entrada principal da base, na manhã da terça-feira, Cheney estava nos aposentos onde passara a noite, distante do local do ataque.
O vice-presidente dos EUA diz ter ouvido apenas um barulho alto; logo depois agentes de segurança que o acompanham na viagem ao Afeganistão entraram no seu quarto e o levaram a um abrigo antibomba.
"Quando a coisa se acalmou e eles tiveram uma idéia melhor do que estava ocorrendo, voltei para o meu quarto", disse Cheney, um dos maiores "falcões" do governo Bush, grupo de neoconservadores que defende a política externa militarista.
Entusiasta e defensor da resposta militar no Afeganistão aos atentados do 11 de Setembro, Cheney já foi "acusado" pelo jornal britânico "Guardian" de ser o pai da idéia de enviar mais tropas americanas para o Iraque; idéia essa que está sendo posta em prática.

Taleban
Pouco após a explosão, o Taleban assumiu a autoria do atentado, afirmando que seu alvo era mesmo Dick Cheney.
"Nós sabíamos que Cheney estaria na base", disse à agência de notícias Associated Press um suposto porta-voz do Taleban, Qari Youssef Ahmadi.
Embora os militares americanos não tenham confirmado a veracidade da reivindicação, o ataque em Bagram os preocupa. Isso ocorre tanto pelo fato de a viagem de Cheney ter seu itinerário mantido sob sigilo o máximo de tempo possível quanto pelo de o pernoite do vice-presidente na base não estar nos planos -uma nevasca na noite de segunda-feira impediu que seu avião deixasse Bagram com destino à capital, Cabul.
Segundo o jornal americano "New York Times", o Taleban não tem presença forte na região onde está a base de Bagram, e ataques desse tipo a áreas de segurança reforçada costumam necessitar de preparação e planejamento prévios.
"Nossos procedimentos de segurança estavam em ordem, e o assassino nunca chegaria ao interior da base", afirmou o tenente-coronel James E. Bonner, do Exército dos EUA.
Havia ainda mais dois portões vigiados separando o alojamento de Cheney do local da explosão.
Tony Snow, porta-voz da Casa Branca, afirmou que investigações estão sendo conduzidas a fim de descobrir como um homem-bomba conseguiu chegar tão perto do vice-presidente. Já Dick Cheney afirmou que o Taleban "está tentando descobrir meios de abalar a autoridade do governo central [afegão]". "Mas isso não nos afetará."
Cheney seguiu viagem a Cabul, onde se encontrou com o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai. Na pauta de discussão, os esforços do governo afegão para combater o Taleban. Cheney havia passado antes pelo Paquistão, onde se reunira com o presidente do país para pedir empenho na perseguição a membros da Al Qaeda que se escondem lá.
Segundo testemunhas do atentado, a explosão atingiu soldados americanos e pessoas que aguardavam autorização para entrar na base, entre eles caminhoneiros afegãos, além de um soldado da Coréia do Sul, que integra a missão da Otan (aliança militar ocidental) no Afeganistão.
Na base de Bagram estão lotados 5.100 soldados americanos e mais 4.000 pessoas, entre militares de outros países e trabalhadores. Construída pela extinta União Soviética quando invadiu o Afeganistão, a base já foi usada pelos EUA como prisão para membros do Taleban e supostos terroristas no país.


Com agências internacionais


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