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Sudão não entregará acusados de Darfur
Tribunal Penal Internacional intima ministro e líder miliciano, primeiros acusados por massacres no oeste do país africano
Governo sudanês, que assim
como os EUA não é membro do TPI, não reconhece poder do tribunal, criado em 1998 para julgar crimes de guerra
Abd Raouf - 27.fev.2007/Associated Press
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O ministro Harun, acusado em 51 casos de crimes em Darfur |
DA REDAÇÃO
O líder de uma milícia e um
ministro de Estado do Sudão
foram acusados ontem pelo
Tribunal Penal Internacional
(TPI) de crimes cometidos na
região de Darfur, no oeste do
país africano, devastada por um
conflito étnico que deixou cerca de 300 mil mortos nos últimos quatro anos.
A acusação abre caminho para os primeiros processos contra suspeitos de responsabilidade pelas atrocidades cometidas em Darfur desde que o tema foi encaminhado para exame do TPI pelo Conselho de Segurança da ONU, em 2005.
O governo do Sudão rechaçou as ordens de prisão pedidas
pelo procurador-chefe do TPI,
o argentino Luis Moreno
Ocampo, afirmando que não
entregará os dois suspeitos
porque o tribunal não tem jurisdição para julgar sudaneses.
O Sudão não assinou o Estatuto
de Roma, a convenção que
criou o TPI, em 1998.
O TPI é um tribunal permanente criado para julgar indivíduos por genocídio, crimes
contra a humanidade, crimes
de guerra e o crime de agressão,
este último ainda fora de sua
jurisdição. Até agora 104 países
já assinaram o estatuto, entre
eles o Brasil.
Além do Sudão, vários outros
países se recusam a aderir ao
tribunal, entre eles EUA e China. Os países que rejeitam o
TPI alegam receio de processos
politicamente motivados e de
violação de sua soberania.
No documento de 94 páginas
entregue ontem pela Promotoria a juízes do TPI, Ahmed Muhammed Haroun, hoje ministro de Assuntos Humanitários
do Sudão, e Ali Muhammad Ali
Abd-al-Rahman, líder miliciano também conhecido como
Ali Kushayb, são acusados em
51 casos de crimes contra a humanidade e de guerra entre
2003 e 2004.
Haroun, que na época era ministro do Interior responsável
por Darfur, é acusado de ter colaborado em massacres com
Kushayb, um dos líderes das
milícias árabes conhecidas como Janjaweed.
Moreno Ocampo baseou a
acusação no depoimento de
cem testemunhas em 17 países.
A Promotoria acusa as milícias
pró-governo de atacar populações civis aliadas dos rebeldes
que, desde 2003, lutam por
maior autonomia.
O ministro da Justiça do Sudão rejeitou as alegações do
TPI e descartou qualquer tipo
de cooperação. O governo sudanês, que nega envolvimento
com as milícias e afirma que o
número de mortos em Darfur
não chega a 10% do divulgado
por organizações humanitárias, disse que Harun já foi interrogado no país pelas acusações que lhe são imputadas pelo TPI e inocentado.
Para Alex De Wall, especialista britânico no conflito de
Darfur, a decisão de intimar os
suspeitos, sem emitir ordens de
prisão, faz parte da estratégia
do TPI de dar uma chance ao
governo sudanês de colaborar.
"É uma pequena janela de
oportunidade para o presidente Al-Bashir", avalia.
Com agências internacionais
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