São Paulo, quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

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Sede da Arquidiocese de Caracas é alvo de jovens encapuzados

Grupo ocupa local por duas horas e se declara simpatizante de Chávez, que tem histórico de conflito com cúpula católica

Manifestantes, que não causaram danos, leram um comunicado em que reivindicam o título de mártir para colega morto

DA REDAÇÃO

Um grupo de encapuzados invadiu ontem a sede da Arquidiocese de Caracas e permaneceu no local por duas horas. Eles reivindicavam o reconhecimento como "mártir" de um homem que morreu no domingo após uma explosão na principal associação empresarial da Venezuela, a Fedecámaras.
"Um grupo de jovens entrou no palácio (arcebispal) antes das 9h (horário local), afirmando que queria fazer um protesto pacífico de duas horas para ler um comunicado à imprensa", disse o bispo de Caracas, Jesús González.
Os encapuzados, que não causaram nenhum dano ao local, estavam desde o começo da manhã na praça Bolívar, centro da capital. Eles comemoravam o 19º aniversário do Caracaço, protestos contra o governo de Carlos Andrés Pérez que terminaram com 276 mortos, em fevereiro de 1989.
"Reivindicamos a memória do nosso camarada morto, o consideramos um mártir da revolução", afirmou Odra Carrascal, uma das líderes da manifestação. Em comunicado, o grupo ainda defendeu o socialismo e criticou a multinacional do petróleo Exxon Mobil [que está processando a Venezuela em tribunais internacionais].
Na madrugada de domingo, uma bomba explodiu na sede da Fedecámaras, matando o suposto atacante, Héctor Serrano, segundo a polícia. Foi a quarta explosão em fevereiro, quando foram registrados outros três atentados com explosivos, sem vítimas, no país.
Nos locais dos ataques foram encontrados panfletos em que os grupos Frente Venceremos e Esquerda Central Unida reivindicavam a autoria.
Lina Ron, conhecida ativista pró-Hugo Chávez que integra o comitê organizador do novo PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), participou da manifestação. Ela criticou o canal de TV oposicionista Globovisión -alvo de outra manifestação, ontem à noite- e o clero venezuelano.
"Este protesto é pacífico e a igreja tem que entender que tem de haver revolução e ressurreição (...) esta instituição está envolvida no golpe para derrubar o presidente Chávez."
Em entrevista à Globovisión, o cardeal Jorge Urosa Savino pediu o fim dos ataques à Igreja Católica e do que chamou de "escalada da violência". Chávez tem relações estremecidas com a cúpula católica, que acusa de trair os preceitos humanistas de Cristo. A tensão aumentou quando Urosa atacou a proposta de reforma constitucional do presidente, rejeitada em referendo em dezembro.


Com agências internacionais.


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