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Sede da Arquidiocese de Caracas é alvo de jovens encapuzados
Grupo ocupa local por duas horas e se declara simpatizante de Chávez, que tem histórico de conflito com cúpula católica
Manifestantes, que não causaram danos, leram
um comunicado em que reivindicam o título de
mártir para colega morto
DA REDAÇÃO
Um grupo de encapuzados
invadiu ontem a sede da Arquidiocese de Caracas e permaneceu no local por duas horas.
Eles reivindicavam o reconhecimento como "mártir" de um
homem que morreu no domingo após uma explosão na principal associação empresarial da
Venezuela, a Fedecámaras.
"Um grupo de jovens entrou
no palácio (arcebispal) antes
das 9h (horário local), afirmando que queria fazer um protesto pacífico de duas horas para
ler um comunicado à imprensa", disse o bispo de Caracas,
Jesús González.
Os encapuzados, que não
causaram nenhum dano ao local, estavam desde o começo da
manhã na praça Bolívar, centro
da capital. Eles comemoravam
o 19º aniversário do Caracaço,
protestos contra o governo de
Carlos Andrés Pérez que terminaram com 276 mortos, em fevereiro de 1989.
"Reivindicamos a memória
do nosso camarada morto, o
consideramos um mártir da revolução", afirmou Odra Carrascal, uma das líderes da manifestação. Em comunicado, o grupo
ainda defendeu o socialismo e
criticou a multinacional do petróleo Exxon Mobil [que está
processando a Venezuela em
tribunais internacionais].
Na madrugada de domingo,
uma bomba explodiu na sede
da Fedecámaras, matando o suposto atacante, Héctor Serrano, segundo a polícia. Foi a
quarta explosão em fevereiro,
quando foram registrados outros três atentados com explosivos, sem vítimas, no país.
Nos locais dos ataques foram
encontrados panfletos em que
os grupos Frente Venceremos e
Esquerda Central Unida reivindicavam a autoria.
Lina Ron, conhecida ativista
pró-Hugo Chávez que integra o
comitê organizador do novo
PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), participou da
manifestação. Ela criticou o canal de TV oposicionista Globovisión -alvo de outra manifestação, ontem à noite- e o clero
venezuelano.
"Este protesto é pacífico e a
igreja tem que entender que
tem de haver revolução e ressurreição (...) esta instituição
está envolvida no golpe para
derrubar o presidente Chávez."
Em entrevista à Globovisión,
o cardeal Jorge Urosa Savino
pediu o fim dos ataques à Igreja
Católica e do que chamou de
"escalada da violência". Chávez
tem relações estremecidas com
a cúpula católica, que acusa de
trair os preceitos humanistas
de Cristo. A tensão aumentou
quando Urosa atacou a proposta de reforma constitucional do
presidente, rejeitada em referendo em dezembro.
Com agências internacionais.
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