|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Aliados deixam acordos com EUA em suspenso
Tchecos adiam assinatura para o escudo antimísseis, e Índia atrasa as salvaguardas para tratado nuclear
DA REDAÇÃO
Os Estados Unidos não conseguiram ontem fechar dois
acordos há muito encaminhados e que têm importância estratégica nesses meses finais do
governo Bush.
A República Tcheca não assinou em Washington o protocolo final para a instalação pelo
Pentágono, em seu território,
de um sistema de radares, que
operaria com mísseis baseados
na Polônia, num escudo de defesa antimísseis. A Índia, por
sua vez, não está pronta para
receber tecnologia nuclear
americana, em cumprimento a
um acordo de agosto último.
Com relação ao escudo,
George W. Bush recebeu na Casa Branca o primeiro-ministro
tcheco, Mirek Topolanek. Informantes americanos disseram na véspera que a conclusão
do acordo era iminente. Mas o
próprio Bush afirmou que as
discordâncias se resumiam em
apenas algumas palavras.
A Associated Press diz que o
premiê fez exigências ambientais, que as futuras instalações
militares americanas deveriam
cumprir, e ainda pediu que os
técnicos que operarão os radares tenham determinado estatuto, que não detalhou.
No mês passado o chefe da
diplomacia tcheca, Radek Sikorski, pediu o apoio americano para a modernização de seu
sistema aéreo de defesa. Embora os EUA argumentem que o
escudo antimísseis leva em
conta ameaças da Coréia do
Norte e do Irã, a Rússia acredita
que ele vise seus arsenais.
Ao comprar briga com os russos, os tchecos querem caças e
armas convencionais americanas. Topolanek não se referiu a
essa questão. Mas obteve do governo americano o abandono
da obrigatoriedade de vistos, a
partir de setembro, para que
seus cidadãos entrem nos EUA.
Negócios com a Índia
O acordo nuclear com a Índia
foi discutido em Nova Déli, em
visita de dois dias, encerrada
ontem, por Robert Gates, chefe
do Pentágono. Ele exortou o
governo local a obter mais rapidamente da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) as salvaguardas para que o
tratado entre os dois países
possa ser ratificado ainda este
ano pelo Senado americano.
A Índia não é signatária do
Tratado de Não-Proliferação,
por ter a bomba atômica. A cooperação com os americanos se
refere ao programa nuclear civil, desvinculado da bomba.
Interessa aos EUA o fortalecimento da Índia, no passado
um cliente preferencial de
Moscou, para que ela se contraponha ao peso estratégico da
China na Ásia. Gates nega, mas
essa no fundo é a lógica.
O governo da Índia deverá
gastar em armamentos US$ 30
bilhões nos próximos quatro
anos. Aos americanos interessa
vender 126 aviões militares,
num contrato de US$ 10 bilhões em que também concorrem fornecedores russos e europeus. A Índia já comprou um
porta-aviões americano.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Americanas Próximo Texto: Idéias: Morre nos EUA o colunista conservador William Buckley Índice
|