São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

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Ideia é dar "face política" a revolta, afirma líder rebelde

DO ENVIADO A BENGHAZI

Rebeldes líbios anunciaram a formação de um conselho de transição em Benghazi, segunda cidade do país, em meio a novos sinais de que o levante contra o ditador Muammar Gaddafi começa a fechar o cerco à capital, Trípoli.
Após 13 dias de revolta, cresce o número de cidades em poder da oposição, e não apenas no leste do país, origem da insurreição. Ontem foi a vez de Zawiya, 50 km a oeste de Trípoli.
Tanques foram posicionados em volta da cidade e militares desertores anunciaram planos de marchar rumo à capital, aumentando o temor de que os confrontos virem uma guerra civil.
Um repórter da agência France Presse em Nalut, 24 km a oeste de Trípoli, não viu sinal das forças de Gaddafi.
Em entrevista por telefone a uma emissora de TV da Sérvia, Gaddafi manteve o tom desafiador. Afirmou que não pretende deixar o país e voltou a culpar estrangeiros e o grupo terrorista Al Qaeda pela revolta que ameaça seus 41 anos no poder.
Gaddafi criticou a ONU pela aprovação de sanções ao país e disse que a situação em Trípoli é "segura".

FACE POLÍTICA
Em Benghazi, que se consolida como a capital dos rebeldes, um conselho nacional foi formado para facilitar a administração das áreas controladas e apoiar o avanço da insurreição.
De acordo com Hafiz Hoga, porta-voz da Coalizão Revolucionária 17 de Fevereiro, o objetivo do conselho é dar "uma face política" ao levante e formar o embrião do futuro governo pós-Gadaffi.
"A prioridade são os procedimentos mais urgentes em relação à administração civil e à ação do Exército. Também usaremos o conselho para nossas relações exteriores, com a ONU e outros países", disse à Folha.
Não foi apontado um líder para o conselho. Hoga desautorizou o ex-ministro da Justiça Mustafa Mohamed Abd al-Jalil, que na véspera anunciara a formação de um governo provisório: "Ele fala por ele, não pela coalizão", afirmou o porta-voz.
Num sintoma da confusão que reina no incipiente comando das áreas controladas pelos rebeldes, o ex-ministro havia dito à rede Al Jazeera que estava em contato com líderes tribais e militares desertores para chefiar o governo provisório.
"Queremos um só país, não haverá um emirado islâmico nem Al Qaeda", disse Abd al-Jalil à emissora do Qatar. "Nosso único objetivo é libertar a Líbia deste regime e permitir que as pessoas escolham um novo governo por meio de eleições."
Embora os rebeldes tenham negado qualquer coordenação com governos estrangeiros, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que os EUA estão oferecendo apoio "a muitos líbios que estão organizando o leste do país".
Mas afirmou que ainda é cedo para transformar esse apoio em reconhecimento do conselho de transição.
"Estamos só no começo do que virá após Gaddafi", disse Hillary, reiterando que o ditador deve deixar o poder, como já havia dito o presidente Barack Obama. (MN)


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