São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

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Islã é compatível com democracia e a complementa, diz xeque líbio

DO ENVIADO A BENGHAZI

A queda de ditaduras árabes que reprimiam o fervor religioso sob a bandeira do combate ao extremismo, como no Egito e na Líbia, tende a reforçar o caráter islâmico das sociedades.
Mas isso não significa a instalação de teocracias, diz um dos principais líderes muçulmanos de Benghazi, o xeque Ghait Elfakhry.
"O Ocidente não precisa ter medo", diz ele, doutor em lei islâmica. "Islã e democracia são não só compatíveis, mas complementares".

 

Folha - Uma queda de Muammar Gaddafi levará à ascensão do islamismo na Líbia?
Ghait Elfakhry -
Esta é uma revolução popular, não um movimento islâmico. É reação ao mal que Gaddafi causou. Nos últimos 41 anos, era proibido pensar e falar qualquer coisa contrária ao Livro Verde, origem da lei suprema e autoritária criada por ele.
Gaddafi assumiu papel de Deus, e a única opção era obedecer a ele. Destruiu o país e privou a população de serviços mínimos. Quem precisasse de tratamento médico tinha de ir ao exterior.
A sociedade líbia é muçulmana, isso não mudará. Se criarmos país islâmico, terá justiça, liberdade e relação transparente com o mundo.

Qual será o papel do islã num governo pós-Gaddafi?
Vocês, do Ocidente, acham que a fé islâmica é sinônimo de teocracia; é um erro. Grupos como a Al Qaeda surgiram em reação a esses regimes corruptos que estão caindo. O pensamento islâmico estimula a tolerância.
O Ocidente não deve temer o islã ou os muçulmanos. Islã e democracia não são somente compatíveis, mas complementares. Gaddafi disse que a Al Qaeda assumirá o poder se ele sair, mas isso é retórica. Na Líbia não há Al Qaeda.

Que fim prevê para Gaddafi?
Ele está cada vez mais cercado. Ou foge para o deserto e recomeça de lá a luta contra o povo, ou se suicida, ou é preso. Seja como for, não deve escapar da morte. Se julgado, a sentença por todos os seus crimes será a execução.


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