São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011 |
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ANÁLISE Intervenção militar ocidental é alternativa controversa CLAUDIA ANTUNES DO RIO Pressões por uma intervenção militar ocidental destinada a parar a repressão na Líbia e apressar a queda de Muammar Gaddafi vêm causando disputa entre analistas, parte deles influente na política externa dos EUA. O debate cresceu diante da perspectiva de guerra civil prolongada ou de uma partição do país em linhas tribais, com repercussão no mercado do petróleo e no fluxo de imigrantes para a Europa. Outro fator em jogo é a possibilidade de a revolta árabe chegar à Arábia Saudita, maior produtor petrolífero e linha de frente da política de contenção do Irã. As pressões levaram o secretário da Defesa americano, Robert Gates, a afirmar na sexta que os que sugerem uma nova invasão para mudança de regime, nos moldes das lançadas no Iraque e no Afeganistão, "deveriam ter sua sanidade examinada". A ação armada foi apoiada, entre outros, por editorial do "New York Times", por Nicolas D. Kristof, colunista do jornal, por Marc Lynch, da revista "Foreign Policy", e por Marco Vicenzino, analista de "risco geopolítico". A ideia foi refutada pelos acadêmicos Asli Bali e Ziad Abu-Rish e por Justin Raimondo, do site conservador-libertário antiwar.com. Lynch e Kristof não defendem ainda uma invasão por terra, mas impor uma "zona de exclusão aérea", também sugerida pelo embaixador líbio na ONU, que rompeu com Gaddafi. O objetivo seria evitar o uso da aviação militar contra civis rebelados. O argumento é o da "intervenção humanitária". Para eles, é preciso evitar a repetição do genocídio em Ruanda, nos anos 90, quando 800 mil foram mortos no conflito entre hutus e tutsis. Vicenzino parte do mesmo ponto, mas avança ao defender uma ação da Otan mesmo sem aprovação do Conselho de Segurança da ONU. Diz que é preciso evitar um vazio de poder na Líbia. Em artigo no site da Revista de Estudos Árabes, Bali e Abu-Rish, da Universidade da Califórnia, lembram que o primeiro teste de uma intervenção humanitária é causar menos danos do que pretende evitar, cálculo difícil quando se inicia uma guerra. Eles apontam riscos para civis decorrentes de operação aérea e dizem que, mesmo que houvesse disposição para invasão terrestre, seus efeitos seriam perniciosos. Para Raimondo, a ameaça de ação armada pode jogar a favor de Gaddafi, que aposta na divisão popular. Texto Anterior: Onda de revoltas: Resolução da ONU poupa mercenários Próximo Texto: Onda de revoltas: Retirados por navio, brasileiros relatam momentos de terror Índice | Comunicar Erros |
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