São Paulo, quarta-feira, 28 de março de 2001

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ORIENTE MÉDIO

Duas explosões deixam terrorista morto e 30 feridos, um dia após morte de bebê de 10 meses em Hebron

Atentados em Jerusalém pressionam Sharon

Reuters
Um dos feridos em atendimento contra ônibus israelense em Jerusalém Oriental, ocupada por Israel desde 1967, é levado a hospital


DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Dois atentados cometidos em setores judaicos de Jerusalém Oriental ocupada deixaram ontem 30 feridos e um terrorista morto. As ações ocorreram um dia após a morte a tiros de uma criança israelense de 10 meses em Hebron (Cisjordânia ocupada) e no primeiro dia da reunião de cúpula da Liga Árabe, em Amã (leia texto nesta página).
Os atentados e a morte do bebê causaram grande comoção em Israel e aumentaram a pressão sobre o premiê israelense, o direitista Ariel Sharon, eleito em fevereiro prometendo segurança.
A mídia israelense afirmou que Sharon agiria com "moderação" até o final da cúpula árabe, hoje, para não provocar uma escalada do conflito durante o encontro.
Os ataques ocorreram em áreas colonizadas por Israel em Jerusalém Oriental, tomadas da Jordânia na guerra árabe-israelense de 1967 e reivindicadas pelos palestinos como capital de seu almejado Estado.
Um terrorista se matou e feriu pelo menos 30 pessoas -uma ficou em estado grave- ao explodir, no começo da tarde, uma bomba perto de um ônibus na região de French Hill. "Um homem com uma bolsa subiu no ônibus e atraiu suspeitas dos passageiros imediatamente. Ele foi impedido de entrar, e então ocorreu a explosão", afirmou um policial.
Segundo comunicado da polícia de Israel, o suicida usava explosivos ao redor da cintura e teve o corpo partido ao meio.
Mais cedo, durante o rush matinal, um carro-bomba explodiu em Talpiot, deixando feridos um motorista de ônibus e mais duas pessoas.
A autoria dos atentados foi reivindicada por quatro grupos palestinos diferentes, entre eles a Jihad Islâmica. Não houve confirmação independente.
Pressionado pelo quinto e pelo sexto atentado desde sua vitória esmagadora nas urnas, em 6 de fevereiro, Sharon reuniu seu gabinete de segurança e voltou a atacar Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina, acusando-o de "encobrir" uma "onda de terrorismo".
"A Força 17 (guarda pessoal de Arafat) realiza atentados e, até agora, não deu ordens para pôr fim ao terrorismo", afirmou Sharon. "Sei como enfrentar isso. Atuaremos no momento e no lugar oportunos", disse, sem dar detalhes.
Em Hebron, onde a menina israelense de 10 meses foi morta com um tiro na cabeça, colonos judeus tentaram entrar nas áreas palestinas e foram repelidos pelo Exército de Israel. Uma mesquita e lojas palestinas, contudo, acabaram incendiadas.
Um rabino, atendendo a pedido dos pais, determinou o adiamento do funeral da criança até que o Exército proteja seu túmulo, que estaria vulnerável a disparos de palestinos.
Colonos criticaram a "moderação" de Sharon, e o rabino pediu a reocupação de um morro de onde teria sido disparado o tiro que matou o bebê.
"Nós lamentamos o assassinato de qualquer pessoa -seja ela um palestino ou um israelense. Mas o que está acontecendo na cidade é consequência da ocupação e da atividade colonizadora", afirmou Ahmed Abdel Rahman, assessor de Arafat.
Hebron, com uma população palestina de 130 mil pessoas, possui cerca de 400 colonos judeus vivendo em encraves protegidos pelo Exército.
A Autoridade Nacional Palestina assumiu o controle da maior parte da cidade em 1997, mas as áreas dos assentamentos dividem Hebron e permanecem sob controle de Israel.
Durante tiroteio entre palestinos e soldados de Israel na periferia de Hebron, um palestino de 11 anos foi morto ontem, segundo fontes palestinas.
Ao menos 350 palestinos, 67 judeus israelenses e 13 árabes israelenses foram mortos durante a atual Intifada (levante), iniciada no final de setembro.


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