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RUMO A BAGDÁ
"Estamos sendo combatidos a cada centímetro que avançamos", afirma oficial
Resistência surpreende americanos
JOHN KIFNER
DO "NEW YORK TIMES"
COM A PRIMEIRA DIVISÃO DE MARINES
Várias unidades da coalizão anglo-americana que avançam na
direção de Bagdá estão sendo alvos quase constantes de emboscadas e assaltos realizados por grupos isolados de combatentes iraquianos que eles já haviam ultrapassado. Oficiais temem que a resistência só venha a crescer à medida que eles se aproximam da capital iraquiana.
"Nós estamos sendo combatidos a cada centímero que avançamos", disse ontem o coronel Ben
Saylor, da 1ª Divisão de Marines.
No mesmo momento em que
Saylor falava, outra unidade de
marines, Task Force Tarawa, entrava em combate durante o quinto dia consecutivo em Nassiriah,
distante mais de 160 quilômetros
ao sul da 1ª Divisão.
Horas mais tarde, combatentes
iraquianos surgiram da cidade de
Samawah, pouco acima de Nassiriah, e atacaram tropas americanas numa tentativa de interromper as linhas de suprimento ao
longo da Rodovia 8.
Questionado se os combates se
tornariam mais ferozes com a
maior aproximação das tropas da
coalizão com a Guarda Republicana, o coronel Saylor respondeu:
"Creio que sim".
Esses ataques põem em xeque a
estratégia americana de atravessar rapidamente cidades e posições do Exército iraquiano com o
objetivo de alcançar Bagdá rapidamente e "cortar a cabeça do regime", na expressão usada pelos
próprios oficiais. Também colocam em xeque a crença entre os
americanos de que seriam recebidos como "salvadores".
Em vez disso, os americanos se
arriscam a ter as suas longas e vulneráveis linhas de suprimentos
-comboios com milhares e milhares de caminhões carregados
com comida, combustível, água e
munição vindos do Iraque- sujeitos a ataques e interrupções.
Eventuais atrasos poderiam
ajudar os esforços do presidente
Saddam Hussein de transformar
o cerco a Bagdá num teatro político, que seria exibido ao mundo
como uma crise humanitária.
O assalto a Bagdá estava ontem
três dias atrasado, admitem oficiais. A demora, entretanto, não
decorre dos ataques iraquianos,
mas das fortes tempestades de
areia que varreram a região durantes vários dias desta semana.
Mas, apesar de os marines afirmarem que têm vencido facilmente a maioria dos ataques, eles
estão impressionados com a tenacidade dos iraquianos. Em um
episódio que já ficou famoso entre os soldados, uma força de cerca de 20 homens atacou uma patrulha blindada. Apenas oito sobreviveram ao primeiro revide,
mas eles se levantaram e atacaram
novamente.
"Eles estão mostrando bastante
coragem", disse o capitão Dave
Nettles, que, na condição de comandante de uma patrulha de reconhecimento, já participou de
diversos embates. "Talvez porque
não tenham mais nada a perder."
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