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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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Guerra no Iraque poderá durar meses, afirmam analistas

DOUGLAS HAMILTON
DA REUTERS, EM DOHA (KUAIT)

As próximas 48 horas podem oferecer pistas para determinar os EUA vão avançar em direção a Bagdá com as forças de que já dispõem ou se esperarão uma ou mais semanas por reforços.
"Não espero que nada aconteça muito rapidamente", disse o coronel Christopher Langton, diretor de estudos militares no Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, em Londres, quando indagado sobre sua estimativa para a duração da guerra. "Pode demorar ainda um mês, ou mais."
Frank Umbach, analista de defesa e segurança do Conselho de Relações Exteriores da Alemanha, concorda. "Diria que é, no mínimo, uma questão de semanas, e não descartaria que o conflito se arrastasse por uns dois meses."
Antes da guerra, generais reformados, entre os quais Wesley Clark, que comandou a campanha da Otan contra a ex-Iugoslávia, em 1999, ressaltaram, com inquietação, que várias divisões pesadas não haviam chegado ainda.
"O governo Bush transmitiu a impressão de que o governo iraquiano não estava firme, que boa parte do Exército não combateria e que o povo iraquiano receberia a força de invasão com flores e saudações", afirmou o "New York Times" em editorial. Isso talvez venha a acontecer, acrescentou o jornal, mas, em uma semana de guerra, não é o que transcorreu.
O jornal "The Washington Post" disse ontem que muitos comandantes crêem que a combinação de resistência iraquiana e linhas de suprimento vulneráveis entre a frente e o Kuait ditariam uma parada temporária enquanto a 4ª Divisão de Infantaria não chega ao teatro de operações.
A maior parte da divisão está navegando pelo mar Vermelho em direção ao golfo Pérsico, para desembarque no Kuait.
O jornal afirma que diversos funcionários e oficiais do Departamento da Defesa crêem agora que a guerra vá durar meses.
Novos reforços de tropas pesadas, como o 3º Regimento de Cavalaria Blindada e a 1ª Divisão de Cavalaria, demorariam meses a chegar ao Iraque, disseram.
E Langton diz que a marcha em direção a Bagdá demorou mais que o esperado. "O avanço para Bagdá, ainda que rápido em termos gerais, foi mais lento que o esperado, deu esperanças às forças iraquianas e permitiu que se preparassem melhor".
A crescente confiança dos iraquianos é um diversos fatores que podem influenciar a escolha final dos planejadores militares.
Veículos domésticos adaptados para o deserto e armas antiquadas parecem estar fazendo efeito. Analistas militares dizem que até algumas unidades do Exército regular parecem estar resistindo mais do que se esperava, entre elas uma força da Guarda Republicana ao sul de Bagdá que deteve um ataque por dezenas de Apaches nesta semana.


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