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São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2003

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EUA e Irã fazem acordo tácito sobre guerra

AFSANÉ BASSIR POUR
DO "LE MONDE", EM TEERÃ

Diplomatas começam a confirmar o que os iranianos já desconfiavam desde o início da guerra: que existe um entendimento tácito entre os EUA e o Irã, inimigos ferrenhos nas últimas décadas.
"A mensagem enviada pelos EUA a Teerã foi simples", explica um embaixador ocidental. "Não nos atrapalhem, e nós não interviremos em seus assuntos." O Irã concordou.
O porta-voz do governo, Abdullah Ramezanzadeh, anunciou, por exemplo, que o Irã não permitirá que os combatentes xiitas iraquianos presentes em seu território intervenham no conflito. "Nossas fronteiras permanecerão fechadas",disse.
Sediado no Irã, o Conselho Supremo da Revolução Islâmica no Iraque (CSRII), principal organização da oposição xiita iraquiana, treinou no Irã a brigada Badr, que teria entre 10 mil e 15 mil homens.
O Conselho defende [a adoção de] um sistema islâmico à iraniana no Iraque. Mas já recebeu "ordens" dos EUA de se manter à distância. "Os americanos não querem nenhuma intervenção dos xiitas iraquianos que vivem no Irã", explica uma fonte bem informada.
"Não é do interesse do Irã intervir nesse conflito, pois o establishment iraniano teme que, depois do Iraque, os EUA se voltem contra o Irã", diz um embaixador ocidental. O país, ao lado do Iraque e da Coréia do Norte, foi incluído pelo presidente George W. Bush no "eixo do mal" -grupo de países que busca desenvolver armas de destruição em massa.
Os EUA e o Reino Unido tomaram medidas para tranquilizar Teerã. Segundo o embaixador britânico no Irã, Richard Dalton, a coalizão "quer que os iranianos saibam que não queremos conflito com o Irã".


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