São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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ISRAEL

Procurador-geral decidirá se vai ou não em frente com processo em que primeiro-ministro é acusado de receber propina

Promotora pede indiciamento de Sharon

DA REDAÇÃO

A promotora israelense Edna Arbel recomendou o indiciamento do primeiro-ministro Ariel Sharon por supostamente ter aceitado suborno de um empresário local. Segundo a televisão israelense, Arbel apresentará nos próximos dias sua peça acusatória ao procurador-geral, Menachem Mazuz, que deverá decidir se vai ou não em frente com o indiciamento. Sua decisão deve ser anunciada dentro de mais ou menos um mês.
O foco da acusação é o escândalo conhecido como "Caso da Ilha Grega", no qual um famoso empreendedor do setor imobiliário em Israel, David Appel, teria pago a Gilad, filho do premiê, uma grande soma de dinheiro para que Sharon, à época ministro das Relações Exteriores, usasse sua influência para ajudar o empresário a promover um projeto de turismo na Grécia, em 1999.
No dia 21 de janeiro passado, Appel, que também dava dinheiro ao Likud, partido do premiê, foi acusado de ter pago US$ 690 mil em propina a Gilad para ajudar no projeto turístico e também para modificar o zoneamento de Tel Aviv de forma a beneficiar seus negócios. Nenhum dos projetos acabou se concretizando.
Ehud Olmert, que hoje ocupa o posto de vice-primeiro-ministro, também é citado como envolvido no escândalo. À época, ele era prefeito de Jerusalém. A promotoria, contudo, não recomendou seu indiciamento, por insuficiência de provas.
O advogado de Appel, Moshe Israel, nega todas as acusações.
Se Sharon for de fato indiciado, os precedentes legais dizem que ele deve afastar-se do cargo até o fim do processo.
O primeiro-ministro israelense também está implicado em outro caso relacionado ao financiamento de sua campanha em 1999.
O premiê já enfrenta problemas com a sua popularidade, principalmente pelo fato de não conseguir pôr um fim à ameaça terrorista. Não se sabe ainda como esse novo desdobramento do escândalo poderá afetar sua aprovação. Pesquisa de janeiro, contudo, apontava que a maioria dos israelenses era favorável à renúncia do premiê na hipótese de ficar comprovado seu envolvimento em casos de corrupção.
As leis do governo israelense não obrigam que um primeiro-ministro indiciado ou condenado peça renúncia.


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