São Paulo, domingo, 28 de março de 2004

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ÁSIA

Líder também fala em usar força contra manifestações

Após megaprotesto, presidente de Taiwan já admite recontar votos

DA REDAÇÃO

Nos maiores protestos da história de Taiwan, cerca de meio milhão de simpatizantes do candidato derrotado à Presidência do país foram às ruas de Taipé para exigir uma recontagem dos votos. Lien Chan, do Partido Nacionalista (Kuomitang), perdeu o pleito do dia 20 para o presidente Chen Shui-bian, que foi reeleito para o cargo por estreita margem. Desde então, tem havido manifestações diárias diante dos escritórios da Presidência. Taiwan tem 22,5 milhões de habitantes.
Ontem, Chen disse que ordenou às autoridades policiais que acabem com os protestos, mas também acenou com propostas conciliatórias, falando até em aceitar a recontagem. "Pedi às agências relevantes que restaurem a ordem na capital antes da próxima semana. Não podemos tolerar mais isso", disse Chen a jornalistas em sua primeira entrevista coletiva desde as eleições. O governo Chinês, que considera Taiwan uma "Província rebelde", já havia alertado contra a "convulsão social" no arquipélago.
Chen venceu o pleito de sábado -a terceira eleição presidencial direta- por uma diferença de apenas 30 mil votos em mais de 13 milhões de sufrágios. A oposição acusa fraude e considera suspeito o atentado de que Chen e sua vice teriam sido vítimas na sexta-feira anterior à votação. Chen teria recebido um tiro de raspão no abdômen. Ninguém foi preso.
Num gesto um pouco mais conciliatório, o presidente também ofereceu-se para dialogar "sem precondições" com Lien. "Na segunda-feira, sem nenhuma condição, quero encontrar-me com o sr. Lien", afirmou. O reeleito presidente também disse que aceitaria uma recontagem, mas ressaltou que as leis do país precisam ser alteradas para que isso ocorra. Pediu aos legisladores que emendem as normas eleitorais. "Não fraudamos as eleições, então por que temeríamos uma recontagem?", inquiriu.
Segundo a Prefeitura de Taipé, cerca de 470 mil manifestantes, muitos deles carregando bandeirolas de Taiwan, enfrentaram a fria garoa para protestar contra Chen. O nacionalista Lien Chan falou à multidão. "Se alguém se vale de meios odiosos para chegar ao poder, este poder não será efetivo nem será respeitado", disse Lien, que também pediu uma investigação sobre o atentado.


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