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Milícias destroem oleoduto e agravam a crise no Iraque
No terceiro dia de combates entre Exército e grupo xiita, atentado diminui exportações de petróleo, e preço aumenta
Mais de cem pessoas já morreram em combates que se espalharam pelo país; premiê promete enfrentar facções rebeldes "até o fim"
Kareem Raheem/Reuters
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Uma multidão foi às ruas de Bagdá em apoio a Moqtada al Sadr |
DA REDAÇÃO
A crise deflagrada pela ofensiva de tropas iraquianas e
americanas contra grupos xiitas em Basra, que entrou no seu
terceiro dia e já deixou mais de
cem mortos, agravou-se ontem
com a realização de grandes
protestos antigoverno em Bagdá e a destruição por milicianos
de um dos principais oleodutos
de petróleo iraquiano, causando alta do preço do barril nos
mercados internacionais.
Segundo a estatal iraquiana
de petróleo, homens armados
explodiram com bombas partes
do oleoduto que escoava o petróleo bruto da região de Zubair, nos arredores de Basra
(sul), afetando a exportação do
principal sustento da economia
do país árabe.
Fontes do governo afirmam
que a destruição do gasoduto
fez cair a exportação para 550
mil barris ontem, contra 1,6 milhão em dias normais -um número que já era bem inferior
aos 2,3 milhões registrados antes da invasão do Iraque, em
2003, apesar do embargo econômico imposto pela ONU.
A queda nas exportações de
petróleo iraquiano teve impacto imediato no preço do barril.
Na Bolsa eletrônica americana,
o contrato de petróleo para
maio fechou em alta de US$
1,68, ou 1,59%, a US$ 107,58 por
barril, após ter sido negociado
entre US$ 105,03 e US$ 108,22.
Em Londres, o petróleo tipo
Brent subiu US$ 1,01, ou 0,97%,
a US$ 105 por barril. Bagdá prometeu consertar o oleoduto de
Zubair até domingo.
A autoria do atentado não foi
reivindicada, mas especula-se
que a sabotagem tenha sido
obra do Exército de Mehdi, influente milícia comandada pelo
clérigo xiita Moqtada al Sadr,
popular entre os xiitas mais pobres do país. Ele havia ameaçado atacar a infra-estrutura petrolífera caso o governo não
suspendesse a operação, lançada na segunda-feira, contra os
grupos xiitas que disputam o
controle da cidade de Basra.
Sadr também ameaça encerrar o cessar-fogo decretado em
agosto e que ajudou a reduzir
em 60% a violência sectária no
país, no segundo semestre do
ano passado.
Apesar de reiterar que busca
uma solução pacífica para a crise, o Exército de Mehdi continuou travando combates contra tropas iraquianas e norte-americanas em Basra e outras
cidades onde Sadr tem apoio. O
Exército de Mehdi lançou mais
mísseis contra a Zona Verde,
área ultraprotegida de Bagdá,
matando o segundo americano
em três dias.
Além dos combates, Bagdá
também foi palco de um megaprotesto. Centenas de milhares
de pessoas foram às ruas em repúdio à ação do premiê, Nuri al
Maliki -também xiita, mas de
facção rival à de Sadr-, em Basra. Al Maliki, que deu anteontem um prazo de três dias para
que os grupos xiitas entregassem as armas, afirmou que a
ofensiva na cidade seguirá "até
o fim".
Com agências internacionais
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