São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 2008

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Milícias destroem oleoduto e agravam a crise no Iraque

No terceiro dia de combates entre Exército e grupo xiita, atentado diminui exportações de petróleo, e preço aumenta

Mais de cem pessoas já morreram em combates que se espalharam pelo país; premiê promete enfrentar facções rebeldes "até o fim"

Kareem Raheem/Reuters
Uma multidão foi às ruas de Bagdá em apoio a Moqtada al Sadr


DA REDAÇÃO

A crise deflagrada pela ofensiva de tropas iraquianas e americanas contra grupos xiitas em Basra, que entrou no seu terceiro dia e já deixou mais de cem mortos, agravou-se ontem com a realização de grandes protestos antigoverno em Bagdá e a destruição por milicianos de um dos principais oleodutos de petróleo iraquiano, causando alta do preço do barril nos mercados internacionais.
Segundo a estatal iraquiana de petróleo, homens armados explodiram com bombas partes do oleoduto que escoava o petróleo bruto da região de Zubair, nos arredores de Basra (sul), afetando a exportação do principal sustento da economia do país árabe.
Fontes do governo afirmam que a destruição do gasoduto fez cair a exportação para 550 mil barris ontem, contra 1,6 milhão em dias normais -um número que já era bem inferior aos 2,3 milhões registrados antes da invasão do Iraque, em 2003, apesar do embargo econômico imposto pela ONU.
A queda nas exportações de petróleo iraquiano teve impacto imediato no preço do barril. Na Bolsa eletrônica americana, o contrato de petróleo para maio fechou em alta de US$ 1,68, ou 1,59%, a US$ 107,58 por barril, após ter sido negociado entre US$ 105,03 e US$ 108,22. Em Londres, o petróleo tipo Brent subiu US$ 1,01, ou 0,97%, a US$ 105 por barril. Bagdá prometeu consertar o oleoduto de Zubair até domingo.
A autoria do atentado não foi reivindicada, mas especula-se que a sabotagem tenha sido obra do Exército de Mehdi, influente milícia comandada pelo clérigo xiita Moqtada al Sadr, popular entre os xiitas mais pobres do país. Ele havia ameaçado atacar a infra-estrutura petrolífera caso o governo não suspendesse a operação, lançada na segunda-feira, contra os grupos xiitas que disputam o controle da cidade de Basra.
Sadr também ameaça encerrar o cessar-fogo decretado em agosto e que ajudou a reduzir em 60% a violência sectária no país, no segundo semestre do ano passado.
Apesar de reiterar que busca uma solução pacífica para a crise, o Exército de Mehdi continuou travando combates contra tropas iraquianas e norte-americanas em Basra e outras cidades onde Sadr tem apoio. O Exército de Mehdi lançou mais mísseis contra a Zona Verde, área ultraprotegida de Bagdá, matando o segundo americano em três dias.
Além dos combates, Bagdá também foi palco de um megaprotesto. Centenas de milhares de pessoas foram às ruas em repúdio à ação do premiê, Nuri al Maliki -também xiita, mas de facção rival à de Sadr-, em Basra. Al Maliki, que deu anteontem um prazo de três dias para que os grupos xiitas entregassem as armas, afirmou que a ofensiva na cidade seguirá "até o fim".


Com agências internacionais


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