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TERRORISMO
Foi o pior ataque em um mês contra israelenses; palestinos dizem ter havido destruição de carros no alojamento de Arafat
Palestino mata quatro em colônia judaica
DA REDAÇÃO
Um atirador palestino abriu fogo e matou ontem quatro israelenses num colônia judaica da
Cisjordânia, no primeiro incidente do gênero depois que Israel iniciou, há quatro semanas, a operação militar desencadeada sob o
argumento da necessidade de
destruir a infra-estrutura terrorista em território palestino.
O atentado ocorreu 24 horas
depois que o presidente George
W. Bush insistiu para que Israel
ponha fim de imediato ("agora")
a sua ofensiva militar. "O ataque
contra cidadãos israelenses na
Cisjordânia prova que o terror
não foi ainda erradicado", disse o
porta-voz do governo Aryed Mekel. As autoridades palestinas não
se pronunciaram.
O atentado ocorreu a alguns
quilômetros a oeste de Hebron,
única grande cidade da Cisjordânia não reocupada por forças militares israelenses, que provavelmente temiam represálias contra
os cerca de 400 judeus que vivem
em encraves numa região habitada por 120 mil palestinos.
Até o início da noite de ontem
nenhuma organização havia reivindicado o atentado. "Tudo por
aqui está muito confuso", disse à
rádio israelense um colono judeu.
Em Ramallah, 200 manifestantes palestinos tentaram se aproximar dos alojamentos de Arafat,
mas foram novamente dispersados com gás lacrimogêneo pelos
militares israelenses.
Dirigentes palestinos disseram
ontem à noite ao jornal israelense
"Yediot Aharonot" que blindados israelenses haviam penetrado
nos alojamentos de Arafat por
uma porta traseira, destruindo
automóveis ali estacionados. A
informação não foi confirmada
por Israel.
Enquanto isso, foi novamente
adiada a missão das Nações Unidas que deverá investigar as acusações de suposto massacre de
palestinos no campo de refugiados de Jenin. Os observadores da
organização internacional mantinham-se ontem em Genebra, à
espera da autorização israelense.
O secretário-geral Kofi Annan
disse ter aceito o pedido de Shimon Peres, ministro israelense do
Exterior, para que as atribuições
da missão sejam discutidas hoje
de manhã, durante a reunião semanal do governo israelense.
Israel havia imposto como condições iniciais para o desembarque da missão da ONU que sua
investigação ficasse circunscrita a
Jenin e que não se colocasse em
dúvida a legitimidade da reação
de soldados israelenses que atiraram para se defender contra franco-atiradores adversários.
Segundo palestinos, centenas
de civis foram mortos em Jenin
em meio à destruição de suas casas por tanques e tratores. Israel
afirma, no entanto, que foram
mortas apenas 48 pessoas, grande
parte delas armada, e que perdeu
23 soldados na operação.
A operação de reocupação militar da Cisjordânia foi desencadeada pelo primeiro-ministro
Ariel Sharon em 29 de março, depois de uma sucessão de atentados suicidas praticados por palestinos. Segundo Israel, diversos
terroristas eram originários do
campo de refugiados de Jenin.
Ainda ontem, em Belém, um
atirador israelense feriu um palestino na assediada Igreja da Natividade, em incidente que provavelmente comprometerá uma solução negociada do impasse que
já dura desde 2 de abril, quando
palestinos se refugiaram no templo e foram cercados por tropas e
blindados israelenses.
Segundo um porta-voz israelense, o palestino estava armado e
mexia em alguns cabos junto a
uma das portas da igreja. Ele foi
recolhido por uma ambulância
militar israelense e internado
num hospital para tratamento.
Um dos líderes palestinos em
Belém, Salah Taamari, consultou
ontem Iassar Arafat, confinado
em Ramallah, sobre a intenção israelense de negociar o fim do impasse em Belém.
Segundo Israel, os palestinos refugiados dentro daquela igreja
histórica para o cristianismo
-teria sido construída no local
da mangedoura em que nasceu
Jesus- estão mantendo cristãos
como reféns. A versão é negada
pelos palestinos, que afirmam
que ninguém está no local contra
a própria vontade. Israel diz que
manterá o local cercado até que
supostos terroristas se rendam ou
aceitem partir para o exílio.
Ontem, um adolescente palestino disse que as cerca de 200 pessoas que se encontram no interior
do templo discutiram a possibilidade de sete ou oito integrantes
do grupo aceitarem o exílio para
pôr fim ao impasse.
Com agências internacionais.
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