São Paulo, domingo, 28 de abril de 2002

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TERRORISMO

Foi o pior ataque em um mês contra israelenses; palestinos dizem ter havido destruição de carros no alojamento de Arafat

Palestino mata quatro em colônia judaica

DA REDAÇÃO

Um atirador palestino abriu fogo e matou ontem quatro israelenses num colônia judaica da Cisjordânia, no primeiro incidente do gênero depois que Israel iniciou, há quatro semanas, a operação militar desencadeada sob o argumento da necessidade de destruir a infra-estrutura terrorista em território palestino.
O atentado ocorreu 24 horas depois que o presidente George W. Bush insistiu para que Israel ponha fim de imediato ("agora") a sua ofensiva militar. "O ataque contra cidadãos israelenses na Cisjordânia prova que o terror não foi ainda erradicado", disse o porta-voz do governo Aryed Mekel. As autoridades palestinas não se pronunciaram.
O atentado ocorreu a alguns quilômetros a oeste de Hebron, única grande cidade da Cisjordânia não reocupada por forças militares israelenses, que provavelmente temiam represálias contra os cerca de 400 judeus que vivem em encraves numa região habitada por 120 mil palestinos.
Até o início da noite de ontem nenhuma organização havia reivindicado o atentado. "Tudo por aqui está muito confuso", disse à rádio israelense um colono judeu.
Em Ramallah, 200 manifestantes palestinos tentaram se aproximar dos alojamentos de Arafat, mas foram novamente dispersados com gás lacrimogêneo pelos militares israelenses.
Dirigentes palestinos disseram ontem à noite ao jornal israelense "Yediot Aharonot" que blindados israelenses haviam penetrado nos alojamentos de Arafat por uma porta traseira, destruindo automóveis ali estacionados. A informação não foi confirmada por Israel.
Enquanto isso, foi novamente adiada a missão das Nações Unidas que deverá investigar as acusações de suposto massacre de palestinos no campo de refugiados de Jenin. Os observadores da organização internacional mantinham-se ontem em Genebra, à espera da autorização israelense.
O secretário-geral Kofi Annan disse ter aceito o pedido de Shimon Peres, ministro israelense do Exterior, para que as atribuições da missão sejam discutidas hoje de manhã, durante a reunião semanal do governo israelense.
Israel havia imposto como condições iniciais para o desembarque da missão da ONU que sua investigação ficasse circunscrita a Jenin e que não se colocasse em dúvida a legitimidade da reação de soldados israelenses que atiraram para se defender contra franco-atiradores adversários.
Segundo palestinos, centenas de civis foram mortos em Jenin em meio à destruição de suas casas por tanques e tratores. Israel afirma, no entanto, que foram mortas apenas 48 pessoas, grande parte delas armada, e que perdeu 23 soldados na operação.
A operação de reocupação militar da Cisjordânia foi desencadeada pelo primeiro-ministro Ariel Sharon em 29 de março, depois de uma sucessão de atentados suicidas praticados por palestinos. Segundo Israel, diversos terroristas eram originários do campo de refugiados de Jenin.
Ainda ontem, em Belém, um atirador israelense feriu um palestino na assediada Igreja da Natividade, em incidente que provavelmente comprometerá uma solução negociada do impasse que já dura desde 2 de abril, quando palestinos se refugiaram no templo e foram cercados por tropas e blindados israelenses.
Segundo um porta-voz israelense, o palestino estava armado e mexia em alguns cabos junto a uma das portas da igreja. Ele foi recolhido por uma ambulância militar israelense e internado num hospital para tratamento.
Um dos líderes palestinos em Belém, Salah Taamari, consultou ontem Iassar Arafat, confinado em Ramallah, sobre a intenção israelense de negociar o fim do impasse em Belém.
Segundo Israel, os palestinos refugiados dentro daquela igreja histórica para o cristianismo -teria sido construída no local da mangedoura em que nasceu Jesus- estão mantendo cristãos como reféns. A versão é negada pelos palestinos, que afirmam que ninguém está no local contra a própria vontade. Israel diz que manterá o local cercado até que supostos terroristas se rendam ou aceitem partir para o exílio.
Ontem, um adolescente palestino disse que as cerca de 200 pessoas que se encontram no interior do templo discutiram a possibilidade de sete ou oito integrantes do grupo aceitarem o exílio para pôr fim ao impasse.


Com agências internacionais.

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