São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

As ações, semelhantes aos bombardeios da guerra em 2003, marcam o fim do ultimato aos insurgentes

EUA atacam Fallujah e matam 64 em Najaf

DA REDAÇÃO

O Iraque passou ontem por um dia de guerra, embora o fim dos combates principais tenha sido declarado há quase um ano, com o forte bombardeio da cidade sunita de Fallujah pelos EUA e um confronto entre soldados americanos e radicais xiitas que matou até 64 iraquianos perto de Najaf.
Analistas acreditam que as duas ações devam se estender pelos próximos dias e possam estimular novos levantes contra os EUA.
As imagens do bombardeio em Fallujah evocaram as cenas da guerra propriamente dita, entre março e abril de 2003. Desde que o presidente George W. Bush declarou o fim dos principais combates, em 1º de maio, não ocorria uma campanha aérea tão intensa.
A ação foi acompanhada pelo avanço de tanques. O ataque começou pouco após o fim do prazo fixado pelos EUA para que os rebeldes depusessem suas armas.
Testemunhas disseram ter ouvido cerca de dez explosões por minuto, ao longo de meia hora, mas as informações sobre a operação ainda eram imprecisas e não havia estimativas de mortos. O comando americano disse apenas que reagiu a um ataque a seus marines e usou artilharia precisa.
A morte de quatro civis americanos e o desmembramento de seus corpos por insurgentes em Fallujah, no início do mês, deram origem a confrontos entre insurgentes e militares americanos que resultaram na morte de cerca de 600 iraquianos. Seguiu-se um turbulento cessar-fogo.
Desde o início das negociações com os insurgentes -simpatizantes do regime deposto-, os EUA enfrentam um dilema: prometem extinguir a insurgência sem ceder a suas exigências, mas lidam com uma alta probabilidade de baixas civis.
"A Autoridade Provisória da Coalizão sabe muito bem que um banho de sangue [em Fallujah] pode ser drástico e duradouro", disse o enviado da ONU ao Iraque, Lakhdar Brahimi, momentos antes do ataque.
Na outra frente de ação, Najaf, os EUA enfrentam conseqüências semelhantes ante a resistência da milícia do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, a quem os EUA juraram prender ou matar.
A invasão da cidade considerada sagrada pelos xiitas vem sendo protelada pelos EUA. Mas embates são diários. No mais sangrento deles, ontem, ao menos 64 insurgentes foram mortos, segundo os EUA, perto de Kufa (a 10 km de Najaf). Um porta-voz de Al Sadr disse que o número não passa de 19, e hospitais locais, a 23.
A ação também foi deflagrada contra uma posição da insurgência onde havia artilharia antiaérea, disse o comando americano, horas após a emissão de um ultimato para que Al Sadr tirasse sua milícia de mesquitas e santuários.
Em Bagdá, um americano morreu em ataque, fazendo com que o número de soldados dos EUA mortos neste mês se equiparasse ao das seis semanas de guerra, 115.
Também ontem, a Cruz Vermelha visitou o ex-ditador Saddam Hussein, que hoje completa 67 anos, pela segunda vez desde sua captura pelos EUA, em dezembro último. Considerado prisioneiro de guerra, Saddam é mantido em local não revelado e deve ser submetido a julgamento no Iraque.


Com agências internacionais

Próximo Texto: Governo interino pode sair em maio, diz ONU
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.