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ANÁLISE
Pentágono usa táticas diferentes nas duas cidades
THOM SHANKER
DO "NEW YORK TIMES"
Quando os comandantes americanos nas cercanias de Najaf e Fallujah olham para as duas cidades,
enxergam problemas muito distintos. Cada lugar tem sua cultura,
abriga um inimigo diferente e oferece aliados potenciais para ajudar a acalmar a situação.
Essas diferenças ajudam a explicar por que os militares parecem
estar adotando uma linha mais
branda em Najaf que em Fallujah.
Najaf abriga o santuário de Ali,
um dos mais sagrados locais de
peregrinação dos muçulmanos
xiitas. Moqtada al Sadr, líder dos
rebeldes do Exército Mahdi, continua entrincheirado na cidade.
Mas os oficiais americanos deixaram de anunciar que vão capturar
ou matá-lo, apesar de seus combatentes continuarem a enfrentar
as forças de ocupação em Najaf e
em uma favela de Bagdá.
Altos funcionários do Pentágono dizem que não pretendem enviar forças para o centro de Najaf,
perto dos locais sagrados. Embora as autoridades americanas tenham dito que a milícia de Al Sadr
precisa parar imediatamente de
estocar armas em mesquitas e
santuários, elas parecem ter aceitado que qualquer ataque poderia
provocar reações explosivas em
todo o mundo xiita.
Essa atitude forma um contraste marcante com a posição adotada em Fallujah, reduto do apoio
sunita a Saddam Hussein, com
guerrilheiros urbanos entrincheirados. Anteontem, os marines
destruíram o minarete de uma
mesquita que abrigava franco-atiradores das forças insurgentes.
O general Mark Hertling, da 1ª
Divisão Blindada do Exército, que
tem forças perto de Najaf, disse
que os oficiais não têm a intenção
de avançar para o centro.
Hertling afirmou que as tropas
americanas se deslocaram de
Bagdá para bases próximas a Najaf para levar uma presença militar forte à região e para proteger o
trabalho da autoridade civil de
ocupação na cidade. "Não previmos e não prevemos conduzir
operações militares no interior da
cidade sagrada." O Pentágono
diz, é claro, que não se pode excluir nenhuma opção. Mas a estratégia de isolar e marginalizar Al
Sadr visa especificamente solapar
sua força. "Al Sadr ganha força
quando enfrenta os EUA", disse
uma autoridade. ""Não pretendemos aumentar seu poder."
Ao mesmo tempo em que as
forças americanas isolam Al Sadr
em Najaf, elas esperam que os clérigos e partidos políticos xiitas de
linha mais moderada o marginalizem. Embora precisem tomar o
cuidado de não passar a impressão de estarem trabalhando em
prol da extremamente impopular
ocupação americana, esses líderes
locais têm suas razões próprias
para eliminar Al Sadr como candidato rival ao voto xiita majoritário no novo governo iraquiano.
Já em Fallujah, o Pentágono não
acredita que os líderes comunitários e empresariais que atuavam
como mediadores exerçam algum controle sobre os insurgentes ou sobre a população.
O establishment xiita em Najaf
não expressa nenhum afeto por
Al Sadr, em parte devido à ruptura ocorrida entre seu pai e os outros grandes aiatolás e em parte
em razão do seu suposto envolvimento na morte, em abril do ano
passado, de Abdul Majid al Khoei,
um clérigo respeitado que retornava do exílio em Londres e era
apoiado pelos EUA.
Um assessor de um grão-aiatolá
em Najaf declarou, em entrevista,
que o "marjaiah", um grupo de
quatro clérigos poderosos, quer
que Al Sadr deixe a cidade, mas
também condenará os americanos se eles invadirem Najaf.
O general britânico Andrew Stewart disse que clérigos xiitas moderados o avisaram de que o
apoio tácito que dão à ocupação
acabará, e de maneira violenta, se
as forças lideradas pelos EUA atacarem Najaf. "Os xiitas nos disseram que o santuário não deve ser
tocado. Se for destruído ou danificado, isso será visto como um ataque aos xiitas em sua totalidade."
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