São Paulo, quarta-feira, 28 de abril de 2004

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A EUROPA DOS 25

Pacto estende cooperação aos dez futuros membros do bloco europeu

UE e Rússia ampliam acordo bilateral

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

A Rússia e a União Européia concordaram ontem em estender seu acordo de cooperação aos dez futuros países-membros do bloco, a maioria do Leste Europeu, evitando o surgimento de uma crise diplomática apenas quatro dias antes da expansão européia.
"Tivemos uma manhã de trabalho excelente. Gostaria que todas fossem tão produtivas", declarou Chris Patten, comissário das Relações Exteriores da UE, ao lado dos chanceleres russo, Serguei Lavrov, e irlandês, Brian Cowen.
O Acordo de Parceria e de Cooperação regula os laços entre Moscou e os 15 atuais Estados-membros da UE. Segundo analistas ouvidos pela Folha, a Rússia acabou sendo compelida a aceitar a ampliação do acordo com os europeus porque a expansão da UE é um "fato consumado" e porque percebeu que tem mais a ganhar ao aproximar-se da Europa.
"Os russos fizeram várias concessões estratégicas para aproximar-se dos EUA na última década. Entretanto nunca foram tratados como parceiros reais. Agora percebem que a UE pode ser algo muito mais interessante para eles do que imaginavam", analisou Charles Kupchan, diretor de estudos europeus do Council on Foreign Relations (Washington).
"A Alemanha já é a maior parceira comercial da Rússia, que, com o tempo, pretende ter um acesso mais fácil a todo o mercado europeu. Expandindo o acordo de cooperação com a UE, os russos perdem certas vantagens comerciais em relação aos países bálticos e à Eslováquia, mas ganham outras no que tange aos 25 atuais ou futuros Estados da UE."
De fato, a Rússia vinha bloqueando a ampliação do acordo por temer perder privilégios comerciais relacionados a seus vizinhos do Leste Europeu. Moscou chegou até a usar o tratamento da minoria russa na Estônia e na Letônia como carta de negociação.
Todavia Lavrov minimizou a importância desse tema na reunião de ontem, em Luxemburgo. Ademais, a Rússia, que temia ter perdas vultosas com a expansão da UE, afirmou que ela não a afetará. "Não houve milagre. Havia boatos demais", disse o chanceler.
"A suspeita de que a minoria russa possa deixar de ser protegida após a expansão é descabida, já que a UE tem mecanismos estritos de defesa dos direitos humanos e das minorias étnicas, podendo até aplicar sanções a seus membros", explicou Anne-Marie Le Gloannec, diretora do Centro Marc Bloch, um instituto de pesquisas franco-alemão (Berlim).


Com agências internacionais


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