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EUROPA
Aeroportos, ônibus e metrô param em várias cidades contra o projeto de mudança na Previdência; sindicatos prometem mais
Greves anti-reforma atingem transportes na França
FERNANDO EICHENBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE PARIS
Cerca de 70% dos vôos foram
cancelados nos aeroportos da
França, ontem, por causa da greve
dos controladores aéreos contra o
projeto de reforma da Previdência do governo Jacques Chirac.
Em Marselha, no sul do país,
80% dos ônibus urbanos permaneceram estacionados nas garagens. A paralisação atingiu também, de forma quase total, o funcionamento do metrô na cidade e
afetou os serviços dos Correios e
da France Télécom.
Em Paris e dezenas de outras cidades francesas, os professores
saíram novamente às ruas para
protestar contra as mudanças no
sistema de aposentadoria e o projeto de descentralização educacional. Segundo o principal sindicato da categoria, a greve alcançou 60% dos professores; para o
governo, foram 45%.
O ponto mais polêmico do projeto da reforma da Previdência,
que será examinado hoje pelo
Conselho de Ministros do governo, é a proposta de harmonização
do tempo de contribuição dos setores público e privado até 2008.
Hoje, no serviço público, a contribuição se limita a 37 anos e meio,
contra 40 anos no sistema privado. O governo quer unificar em 40
anos os dois sistemas.
"Público, privado, unidade, 37 e
meio para todos!", gritavam os
manifestantes nas passeatas realizadas no último domingo, em Paris, que reuniram entre 300 mil e 600 mil pessoas, segundo as diferentes estimativas.
Ontem, o premiê Jean-Pierre
Raffarin acenou com a reabertura
do diálogo com os professores sobre o projeto de descentralização
educacional, mas, em relação à reforma da Previdência, o governo
excluiu qualquer renegociação.
"Aqueles que falam, hoje, em
renegociação e retirada do projeto não são sinceros. Houve o tempo da reflexão, da negociação, e agora é o tempo do debate no Parlamento", afirmou o ministro do
Trabalho, François Fillon. Ele pretende ver seu projeto analisado
pela Assembléia Nacional a partir
de 10 de junho e votado e aprovado até o próximo dia 14 de julho.
O enfrentamento social tem
abalado a imagem dos principais
expoentes do governo francês. Na
última pesquisa de opinião do
instituto Ifop, divulgada pelo
"Journal du Dimanche", os índices de popularidade caíram sete
pontos para o presidente Jacques
Chirac (58%) e três pontos para
seu primeiro-ministro (47%).
A sondagem realizada pelo instituto BVA para a revista "Paris
Match", nas bancas a partir de hoje na França, revela a sexta queda
consecutiva nos índices de aprovação para Raffarin (de 49% para
42%) e a terceira para Chirac (de
64% para 60%).
Numa outra pesquisa, do instituto CSA, publicada pelo jornal
"Le Parisien", 65% dos entrevistados disseram aprovar a iniciativa
dos sindicatos, e 74% previram
que a crise atual em torno do projeto de reforma das aposentadorias deverá perdurar.
Os sindicatos preparam novas
paralisações e manifestações para
os próximos dias. Das sete federações sindicais da SNCF, a estatal
ferroviária, seis votaram por um
indicativo de greve na próxima
segunda-feira.
Os transportes públicos urbanos (metrô e ônibus) também deverão parar no dia 3. Os sindicalistas prometem pressionar o governo pela reabertura das negociações. Uma das palavras de ordem mais ouvidas durante as diferentes manifestações pelo país tem servido como um aviso aos líderes governistas: "Greve geral
até o fim!".
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